A ARROGÂNCIA DA IGNORÂNCIA
O problema não é a ignorância.
Ignorar, todos, ignoramos muita coisa.
Como sabemos, todos, muita coisa também.
Não há pessoa ignorante que não saiba uma infinidade de coisas.
A questão é a arrogância.
Arrogância de quem sabe.
Arrogância de quem acha que sabe aquilo que, no fundo, sabe que não sabe.
E a arrogância é o oposto da sabedoria.
A arrogância de quem sabe, faz, daquele que poderia ser sábio, um ignorante.
Prefere ignorar que o outro sabe algo que ele não sabe.
Portanto, escolhe não aprender algo que ignora.
Mesmo sabendo muita coisa, escolhe continuar sendo ignorante.
Já a arrogância de quem acha que sabe o que, no fundo, sabe que não sabe.
Que agride para não ouvir o outro, pois sabe que o outro sabe.
Faz, do ignorante, um violento.
E a violência também é uma forma de comunicação.
Quem acha que sabe o que, no fundo, sabe que não sabe, se considera um sábio.
Ou, no mínimo, um sabido sobre determinado assunto.
Quando encontra alguém que sabe sobre esse assunto, grita.
E o grito é a porta de entrada para outras violências.
A palavra gritada se torna uma palavra desperdiçada.
Ela, a palavra, tão preciosa para os argumentos e para a sabedoria.
Quem grita, desperdiça a possibilidade de encontrar a sabedoria.
Quem faz, da palavra, um grito constante se torna um ignorante.
Para aprender a ser sábio é preciso, sobretudo, de escuta.
Mesmo quando é uma escuta para algo que se sabe que não é verdade.
Escuta para buscar compreender o porquê.
Por que o outro defende com violência o que, no fundo, sabe que não sabe.
É possível deixar de ser ignorante.
Mas, para isso, é preciso escutar o que o outro sabe.
E, sobretudo, é preciso ficar atento aos gritos e à violência.
Pois os gritos e a violência são os argumentos de quem prefere continuar ignorante.
Renato Farias
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