Coletivo Indra

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A ARROGÂNCIA DA IGNORÂNCIA

Armandinho

O problema não é a ignorância.

Ignorar, todos, ignoramos muita coisa.

Como sabemos, todos, muita coisa também.

Não há pessoa ignorante que não saiba uma infinidade de coisas.

 

A questão é a arrogância.

Arrogância de quem sabe.

Arrogância de quem acha que sabe aquilo que, no fundo, sabe que não sabe.

E a arrogância é o oposto da sabedoria.

 

A arrogância de quem sabe, faz, daquele que poderia ser sábio, um ignorante.

Prefere ignorar que o outro sabe algo que ele não sabe.

Portanto, escolhe não aprender algo que ignora.

Mesmo sabendo muita coisa, escolhe continuar sendo ignorante.

 

Já a arrogância de quem acha que sabe o que, no fundo, sabe que não sabe.

Que agride para não ouvir o outro, pois sabe que o outro sabe.

Faz, do ignorante, um violento.

E a violência também é uma forma de comunicação.

 

Quem acha que sabe o que, no fundo, sabe que não sabe, se considera um sábio.

Ou, no mínimo, um sabido sobre determinado assunto.

Quando encontra alguém que sabe sobre esse assunto, grita.

E o grito é a porta de entrada para outras violências.

 

A palavra gritada se torna uma palavra desperdiçada.

Ela, a palavra, tão preciosa para os argumentos e para a sabedoria.

Quem grita, desperdiça a possibilidade de encontrar a sabedoria.

Quem faz, da palavra, um grito constante se torna um ignorante.

 

Para aprender a ser sábio é preciso, sobretudo, de escuta.

Mesmo quando é uma escuta para algo que se sabe que não é verdade.

Escuta para buscar compreender o porquê.

Por que o outro defende com violência o que, no fundo, sabe que não sabe.

 

É possível deixar de ser ignorante.

Mas, para isso, é preciso escutar o que o outro sabe.

E, sobretudo, é preciso ficar atento aos gritos e à violência.

Pois os gritos e a violência são os argumentos de quem prefere continuar ignorante.

Renato Farias

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