A escola para pessoas negras pode se mostrar como um ambiente árido, traumático e reprodutor do Racismo Estrutural vigente na sociedade brasileira.

Tenho lembranças bastante chatas das violências que sofri durante meu ensino fundamental nos anos 1990 numa escola filantrópica no Rio de Janeiro e sei que essas experiências são compartilhada com outras pessoas negras que passam pelo nossos sistema de educação. Mas, apesar disso, a escola foi pra mim um espaço de conhecimento.

Posso, com o meu olhar de hoje, tecer várias críticas para o tipo de conhecimento que chegava a mim naquele espaço, mas pelos olhos da pequena Aza, a escola era como um passaporte para a dignidade humana que meus pais sempre reforçavam: “estude para ser alguém na vida!”. 

Talvez a questão em torno da Educação e da Escola passe pelo próprio entendimento do que é conhecimento.

Como fala meu Babalorixá Paulo de Ogum, do Ilê Axe Ogum Alakoro, “a sabedoria é o sentimento que expressa o conhecimento” e nem a Educação, nem a Escola brasileiras - principalmente neste desgoverno - parecem se preocupar com isso. Assim, uma de suas funções seria tornar os educandos sábios de conhecimento.  

Quando vou à Filosofia Bakongo - que diz que todos nascemos com um Sol interno que deve ser cuidado para estar em plena potência -, e me deparo com a forma como a Educação brasileira é encarada, penso que, muitas das vezes, Ela é uma grande agente de apagamento de Sóis, não só dos educandos, mas também dos educadores.

Afinal, como iremos acender o Sol da humanidade das nossas crianças, quando os próprios Ndezi (agentes acendedores de Sóis, educadores) estão com seus astros em mínima potência?

Quando se escolhe como novo Ministro da Educação um pastor conservador, também se está discutindo o tipo de acendimento solar que a Educação e a Escola estão se propondo. Caminhamos a passos largos rumo ao abismo da ignorância que nos legará uma humanidade permanentemente nublada.  

Aza Njeri

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