Coletivo Indra

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A lição de Lucas

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Na última semana Lucas, uma criança de 11 anos, foi brutalmente hostilizado em um grupo de whatsapp da sua turma da escola após sugerir como tema de um trabalho escolar o mês do orgulho LGBT+.

O que seria uma ótima oportunidade para se discutir sobre respeito e diversidade, se transformou em um show de horrores que começou imediatamente.

Logo após a sua mensagem no grupo, o menino foi atacado por pais de alunos, o menino foi atacado pela coordenadora e pela diretora da escola.

Enquanto os pais enviavam mensagens no grupo, a coordenadora ligou para a CRIANÇA (não para os responsáveis, mas para o próprio menino), e dizia a ele que a sugestão de tema era "absurda" e "desnecessária", e mais do que isso, além de ameaçar em tirá-lo do grupo caso ele não apagasse a mensagem, disse que ele deveria fazer tratamento.

A tortura psicológica cessou apenas com a intervenção da irmã mais velha do garoto, que mesmo diante de tanto absurdo, chegou a ser questionada pela coordenadora se ela não achava que “tinha alguma coisa errada” com a criança.

Isso aconteceu dentro de uma instituição de educação em Campinas – SP.

A gente está falando de uma CRIANÇA que foi massacrada por ADULTOS por sugerir um tema de estudo que tem tudo a ver com o mês de junho, que tem tudo a ver com respeito, que tem tudo a ver com diversidade – apenas!

Além da violência contra a criança, o que por si só já viola os seus direitos, mais uma vez a gente está falando aqui de violência LGBTfóbica.

A cis-heteronormatividade mais uma vez entra em cena vitimando não apenas os corpos LGBT+, mas toda e qualquer pessoa que ouse “normalizar” as existências que não correspondem ao padrão imposto.

É urgente que a diversidade entre nas escolas em todos os seus aspectos e recortes! É urgente que as crianças falem sobre gênero, sobre cor, sobre raça, sobre religiões, sobre sexualidade, pois isso tudo compõe a humanidade.

Esse episódio lembra a gente como a escola é um ambiente hostil para as pessoas LGBT+. E como a gente viu... não apenas para as pessoas LGBT+, mas para todo mundo que pretenda acolher e defender a diversidade.

Esse episódio também é a prova que o preconceito é ensinado, o preconceito é aprendido, o preconceito vem de cima.

Estamos cansados de relembrar que o Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo há 10 anos consecutivos.

Também estamos cansados de reforçar que é a educação e o conhecimento que podem de verdade mudar a realidade desses índices.

O mês da Diversidade está aqui para que a gente nunca se esqueça de falar sobre respeito, diversidade e sobre a r(existência) de todas as formas de se sentir e de amar.

Tem ponto de partida melhor do que começar com as crianças?

E fica aqui o meu obrigada a Lucas, por dar uma verdadeira lição do que é o respeito e o amor!

Fernanda Darcie

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