A PÚRUPURA COR DE NOSSA PELE
Semana passada tive a alegria de assistir ao musical A Cor Púrpura. Uma história que conheço desde menina e que sempre foi um dos meus filmes favoritos. Foi com ele que aprendi o prazer de interpretar com verdade, com intensidade. Com ele me senti orgulhosa de ver meu povo interpretando sua história com a propriedade devida.
Falando de nós por nós! E tive a alegria de ver no palco essa mesma entegra e verdade. Muitos que me conhecem sabem que musical é um estilo que não me agrada muito. Mas o que vi em cena foi a força, garra, intensidade, voz,verdade do meu povo. Vi e ouvi vozes negras bradando não só uma técnica impecável, mas uma técnica apoiada na consciência de sua ancestralidade e de sua história
Consciência dos duros passos dados pelos que vieram antes. Passando por caminhos comuns a todos como a liberdade de expressão, a liberdade de gênero, de sexualidade, mas sabendo que esses caminhos são sempre mais duros pra nós,negros.
Vi e ouvi um canto que ecoou a força pela liberdade de existir. Vi e ouvi como o artista negro é potente e capaz principalmente quando apoiado na sua história. Nunca duvidei disso. Temos que contar mais nossas histórias. Quando as vozes são ouvidas, quando não são caladas, elas bradam através dos tempos aumentando a força de um povo que nunca se deu por vencido. Um povo que, quando oprimido, não deixou sua luz se apagar.
A arte preta tem poder! Muito poder! E mostramos isso em cena. Que nos seja um estímulo para continuar resistindo em tempos de cólera. Pois se para o artista é difícil, para o artista negro muito mais. No entanto, somos um povo que nunca deixou de brilhar. E mostrar isso em cena, num teatro lotado com aplausos intermináveis, me encheu de orgulho!
Como dizia Milton Santos “Por enquanto os negros só estão rangendo os dentes”
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Tati Tiburcio
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