Coletivo Indra

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Amós Amor Oz

Amós Oz

As melhores reflexões, no meu ponto de vista, são realizadas em rodas de conversa. Pode ser com amigos, conhecidos ou desconhecidos, não importa. O importante é estar com “A mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”.

Na minha experiência, são nessas situações que os melhores “insights” brotam”. E foi isso que aconteceu este final de semana, enquanto eu estava ouvindo uma conversa entre duas amigas sobre o autor israelense Amós Oz.

A conversa me levou a assistir à participação do autor no programa Roda Viva na TV Cultura em 2012, Oz retrata em seus livros particularidades dos seres humanos e o seu amor à humanidade. Mostra as inúmeras situações em que, de alguma forma, todos tem razão.

Exemplificando, sobre o conflito entre a Palestina e Israel, ele deixa claro que os dois lados estão certos, logo há duas injustiças.

“Senhoras e senhores, Israel e Palestina não é sobre bons e maus.”

“É um choque entre certo e certo, recentemente e frequentemente, um choque entre errado e errado.”

Certamente, se colocarmos em prática a empatia e a escuta ativa, chegaríamos a conclusão de que situações complexas exigem complexidade também na sua resolução. Tem um filme, extremamente interessante, muito utilizado nos cursos de direito, porque aborda justamente uma situação em que não há certos e errados.

“Casa de areia e névoa” aborda a história de uma mulher cuja casa foi leiloada por um erro do banco e comprada por um refugiado político iraniano. Ele não tem culpa, pois não sabia a história da casa leiloada e ela muito menos. O que fazer? 

Como diria Oz:

“Quanto mais complexas as questões da vida vão se tornando, mais as pessoas nas ruas desejam respostas simples. Fanáticos sempre podem oferecer respostas simples. Eles sempre podem te dizer a quem culpar”

E era neste ponto que eu queria chegar, eu costumo dizer que naturalmente temos a tendência à terceirização da culpa, no sentido de que para cada adversidade vivenciada, a culpa tem que ser, minimamente, dividida com alguém. Ou em muitas vezes, ela é inteiramente atribuída a alguma outra pessoa que não nós.

Enfatizo que aqui, o meu desejo não é retratar casos em que a vulnerabilidade vivenciada é tão grande que te tira a autonomia. Não, jamais pensaria em simplificar uma situação como essa.     

O meu desejo aqui é proporcionar uma reflexão, não somente sobre as dores da vida amorosa cotidiana, mas principalmente sobre a nossa forma de enfrentamento. Aceitar o fim de um relacionamento e extrair os melhores aprendizados do tempo passado, juntos é um exercício.

É entender e aceitar o encerramento dos ciclos de convivência, muitas vezes devido às transformações diárias que estamos submetidos dentro de uma pluralidade no ser e estar.

Toda transformação, no meu entender, é complexa e libertadora, mas para quem não quer aceitar a mudança, principalmente pelo receio do novo, a tendência será não somente sentir, mas causar sofrimento.

Quando o sentimento muda e decidimos por seguir caminhos distintos dos acordados anteriormente, não há certos ou errados. As vezes conduzimos mal o término de um relacionamento, muitas vezes porque temos a tendência a esconder e abafar as transformações já percebidas, justamente para salvaguardar o seu parceiro(a). Doce engano achar que é possível tal feito. É aí que você se enrola. Porque no amor, não há garantias.

Mas... se você, depois de ler essa coluna, discordar de tudo, você também está certo(a).

Abraços                                                                                                                                               

 Rafaella Albuquerque

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