“BRASIS”
Negação do país
muitos Brasis
Não ignore o passado
Nossa raíz
A prece perde o progresso
vira de ponta cabeça
Desordem verde amarela
manchada de sangue preto
Nós resiste lutando
no luto bruto invisível
Pra ver representada
uma história além do livro
O pau-brasil extinguiu
mas o de arara é presente
Fardo que o povo carrega
mas só quem é preto sente
A mão que balança o berço
lava, apedreja e reza
Na vida o que a gente prende
na prática é o que se leva
Palavras que não transcendem
pseudo felicidade
A rasura divina
de uma falsa verdade
Negação do país
muitos Brasis
Não ignore o passado
Nossa raíz
Animal cordial
o paraíso é aqui
Mito da falsa moral
triste país
O mesmo olhar que condena
enxerga e finge não ver
A escrota hipocrisia
que cerca eu e você
O preconceito que mata
tem gênero, crença e cor
Democracia em vertigem
que só exalta o horror
Na noite você se esconde
consome tudo em segredo
Torturante censura
escravizada no medo
De dia é outra pessoa
de família, violenta
Conserva o beijo, o gozo
não aceita a diferença
Negação do país
muitos Brasis
Não ignore o passado
Nossa raíz
Os instintos insistem
te fazem sempre querer
Você xinga, assassina
ódio do mais puro prazer
Revolta transborda
Levanta o motim
Hastear as bandeiras
Punhos cerrados
Todos aqui
Dedico estes versos:
à história antiga* que resiste aos silenciamentos e suas dores e abre caminhos para que a ancestralidade guie o agora e o amanhã;
ao menino preto* que morre todo dia nos “casos isolados” que mancham de sangue a farda da algoz corporação;
a carne* mais barata do mercado (que hoje não é mais!);
a todos que carregam consigo a boa esperança* atuante e combativa por um Brasil mais justo, grato e afetuoso com os que fizeram - e fazem - sua verdadeira história.
Músicas citadas pra você escutar:
“História Antiga” - Zé Manoel
“Menino Preto” - Thales Silva
“A Carne” - Elza Soares/Larissa Luz
“Boa Esperança” - Emicida
Felipe Ferreira
Instagram @ostrafelipe