Fui convidada para fotografar uma roda de conversa cujo o título me intrigou: "Protagonismo Negro".

No caminho meus pensamentos já começarão a girar.

O NEGRO COMO PROTAGONISTA? COMO ASSIM?

O negro é sempre aquele que carrega as coisas, aquele que fica no canto, o coadjuvante NUNCA o protagonista.

Notei que todos que chegavam eram recebidos por uma mulher, que nos acolhia com o carinho de um abraço e a luz de um sorriso. Ela estava no centro da roda e ela não era negra não, ela era de todas as cores.

E embora o assunto fosse Protagonismo Negro, a roda não tinha só pessoas negras, tinha gente de todxs as tribos. Gente que se importava com a nossa luta. O sinônimo de negro passou a ser sobrevivente. Foi citado lá na roda que as pessoas romanceiam muito isso de que o negro é forte e guerreiro. Mas não é bem assim não. Foi a vida que nos forçou a ser assim. Não tivemos opção.

Conforme a roda foi pegando força e girando, percebi que tinha coisas que eu ate poderia fotografar com a minha máquina e outras só com o coração.

Pude fotografar as lagrimas e os sorrisos de um povo, meu povo. Que se superou, venceu as barreiras e conseguiu mostrar sua capacidade, suas habilidades e seu valor.

Hoje em dia é difícil encontrar pessoas que se importam, mas ali na roda tinha gente que se importava. Pessoas humanas, diferente em suas historias mas unidas com o mesmo objetivo.

Sai da roda fortalecida e confiante. Percebi que a união nos fortalece, porque juntos podemos mais e resistiremos a tudo e não vamos aceitar qualquer papel se não o de protagonistas. Podemos ser o que quisermos.

Quando sai estava chovendo e para min foi um simbolismo...Literalmente sai de alma lavada.

Debora Santos

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