Coletivo Indra

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E assim voltamos a ser o país do futebol...

Não que eu não goste de futebol, mas os jogos olímpicos escancaram a discrepância e falta completa de incentivo, subsídio, patrocínio e espaço na mídia de todas as outras modalidades esportivas.

Bom... é só a gente assistir a qualquer programa desses de esporte durante a semana e ver quanto do tempo é dedicado ao futebol e aos demais esportes... tem dias que eu posso chutar que 90% do programa é dedicado ao primeiro.

(Estou falando de futebol masculino, ok?)

Super entendo que a gente está falando de uma paixão nacional, mas será que não poderíamos ter outras grandes paixões e orgulhos em outras modalidades?

Só pelo fato de a quantidade de compras de skates nos últimos dias ter aumentado, já temos como perceber como a visibilidade importa, seja para que novos torcedores apareçam...seja para que novos atletas iniciem suas jornadas.

E isso também tem tudo a ver com a diversidade.

Pela primeira vez na história, tivemos uma atleta trans competindo e também atletas que se identificam como não bináries, e o mais incrível foi assistir o cuidado e trabalho de jornalistas e comentaristas com o tratamento de forma neutra, não generificada, respeitando a identidade de gênero dessas pessoas.

Acredito que esse tenha sido um ponto forte e alto desses jogos, o que se soma ao grande número de atletas LGBT+, dessa vez sem medo de expor a sua sexualidade e identidade de gênero.

Nesta edição dos jogos, participaram mais de 160 atletas publicamente LGBT+, o que mostra um salto vertiginoso se comparado com os cerca de 50 da Rio 2016 e 20 da Londres 2012.

Mais do que pensarmos na importância do esporte para o desenvolvimento de qualquer pessoa, diversas mensagens foram deixadas para o mundo nessas duas semanas, como a equidade de gênero, a diversidade sexual e de identidades de gênero, a equidade racial e étnica, e por aí vai.

Isso importa, porque além de termos essas pessoas nos representando perante o mundo, lá estavam lidando e falando naturalmente sobre suas vivências e experiências – e é exatamente disso que a gente precisa: naturalizar as nossas identidades!

Que a gente possa, com esse espírito olímpico e de orgulho, não deixar esmaecer esse sentimento de pertencimento, de identificação e de representatividade. Que ele se mantenha, ao invés de reaparecer somente daqui a três anos lá em Paris.

Fernanda Darcie

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