Coletivo Indra

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Esse é um país que vai pra frente: As medidas autoritárias do ministro da economia.

Um dos eventos que movimentaram o cenário político brasileiro nessa semana foi a entrega das propostas de emenda à constituição formuladas pelo ministro Paulo Guedes e sua equipe econômica para o congresso, cujo conteúdo visa transformar de maneira absoluta o Estado brasileiro, sempre com o foco em ajuste fiscal e responsabilidade. 

Depois que as PECs foram entregues ao congresso, elas monopolizaram as notícias por um tempo (um tempo curto na vida real, mas que nos tempos de internet é muita coisa) e muitos veículos passaram a defender as medidas nelas contidas. A Folha de São Paulo fez um editorial elogiando as medidas. Ué. Mas o presidente não gostava da Folha, até mandou cancelar todas as assinaturas do governo. E eles elogiaram essas propostas para a economia, a Globo também. 

Não quero ser aquela pessoa que diz o óbvio, porém o dinheiro parece falar mais alto. Não necessariamente no bolso nesse caso, mas aquilo que faz a pessoa ganhar dinheiro. Para o editor, tudo bem brigar com o jornal, desde que o governo faça a economia andar do jeito que ele quer. Complicado de entender, né? O Gregório Duvivier disse, na própria Folha, que eles mordem o presidente e assopram o ministro. Concordo com ele. É difícil você elogiar o coturno que pisou no seu jardim. 

Esse Paulo Guedes que estão elogiando, é o mesmo que no começo do ano disse que iria embora do Brasil se ninguém aprovasse sua reforma da previdência, esquecendo que a política é por excelência a instância do diálogo e não da imposição. Isso não é um argumento ad hominem, pois boa parte das medidas levadas ao congresso trazem o mesmo caráter autoritário que ele mostrou ter: o município é pequeno e não paga suas contas? Acaba com ele. Não tem dinheiro? Diminui o salário do servidor. E assim vai caminhando, olhando apenas para números nas planilhas e não para as pessoas. 

Em 1988 o Brasil fez uma opção por um Estado promotor de direitos, uma vez que uma série de políticas públicas foram levadas pra dentro da Constituição. Não caberia ao ministro discordar e fantasiar um país a sua maneira, mas deveria apenas assegurar o atendimento desses direitos, independente da linha ideológica do governo. Mas o que ele quer é destruir, especialmente nas áreas da saúde e educação, para garantir o pagamento de juros da dívida pública. Planeja-se pagar R$ 200 bilhões de dívidas aos bancos, enquanto 13,5 milhões de brasileiros vivem na extrema pobreza. 

Guilherme Mello, professor de Economia da UNICAMP chamou esse conjunto de medidas de “AI-5 econômico”, já que rompe com os direitos sociais e o pacto federativo previsto na Constituição de 1988, em alusão àquele que suspendeu os direitos políticos no tempo da ditadura. 

Tenho muito medo daquilo que é apresentado como inevitável pra salvar o país, mas que vem embrulhado num papel verde camuflado. Infelizmente, existe quem não ligue de levar choque elétrico, desde que esteja com dinheiro no bolso. 

Arthur Spada

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