Coletivo Indra

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Eu não quero que elogiem a minha força

Eu não quero que elogiem a minha força! E não, isso não é sobre nós, mulheres negras, desconhecermos que somos fortes.

Todos os dias me encontro numa enorme exaustão, que acredito que é o resultado de sentimentos que acumulo e que muitas vezes não são liberados numa válvula de escape, porque eu tenho em mim que não importa o que houver, eu tenho que ser forte. Pensamento resultante de uma construção social que me foi imposta e exige de mim uma força absurda.

Eu noto o quanto as pessoas se surpreendem quando mostro que sou uma garota sentimental e cheia de clichês, é mais previsível - e pasmem, MAIS ACEITÁVEL - que eu reproduza todos os estereótipos que impõem sobre mim do que revelar a minha subjetividade e singularidade. Nesse processo, toda a minha existência, autenticidade e humanidade é negligenciada.

O fato é que isso machuca, cansa e nos torna apáticas. Comumente, supõem que estamos aptas e dispostas a sustentar todos os problemas do mundo, isso não é real e na verdade, é desumano.

Estamos exaustas de provar a nossa humanidade!


Maynara Moreira

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“quando eu não puder expressar

o que eu realmente sinto

eu exercito os sentimentos

do que não possa expressar

e nada disso é igual.

eu sei

mas é por isso que a humanidade

sozinha entre os animais

aprende a chorar”

-Nikki Giovanni

Maynara Moreira

Sou canceriana e tenho 19 anos, estou em um processo de auto reconhecimento, porque busco reconhecer a validez da minha subjetividade numa sociedade que insiste que eu reproduza moldes colocados sobre mim.

Me encontro na literatura de mulheres negras e escrevo alguns textos e poemas também! :)