Há alguns meses eu estava aqui escrevendo sobre a dor das pessoas trans em ambientes como os banheiros públicos.

Seja do ponto de vista pessoal, seja do ponto de vista daquilo que temos recebido da justiça, o fato é que a gente vai usar o banheiro de acordo com a nossa identidade de gênero e ponto.

Acontece que só isso não atende todas as pessoas, uma vez que essa divisão entre F e M ainda pode causar muito constrangimento e muito desconforto.

Não são apenas as pessoas trans e travestis, não são apenas as pessoas não binárias – mulheres cis que são lidas como mais masculinizadas não são tão bem recebidas nos banheiros femininos... e o mesmo acontece com os meninos cis nos banheiros masculinos, quando eles também não se encaixam no padrão macho.

Daí que vem a importância social do banheiro unissex.

Ele existe para incluir todo mundo e permitir que aquela necessidade básica não se transforme em vergonha e em dor.

Não sei na casa de vocês, mas aqui todo mundo usa o mesmo banheiro.

E qual o problema disso quando esse banheiro recebe pessoas que não se conhecem?

O problema está na LGBTfobia = as pessoas fantasiam que pessoas LGBT+ são agressoras sexuais em potencial e que uma mulher trans dentro de um banheiro feminino colocaria uma mulher cis (“mulher de verdade”) em perigo / ou então que homens agressores se vestiriam de mulher para entrar nesse espaço.

Mas gente... a maioria dos crimes sexuais não acontece dentro de casa onde todo mundo usa aquele mesmo banheiro?

Mais do que isso, esse banheiro que viralizou com a polêmica toda é individual – ou seja, as pessoas entram sozinhas. E mesmo assim aquela desculpa esfarrapada volta à tona.

A gente tá falando de um lugar onde as pessoas vão para fazer xixi (aquilo que todo mundo faz), o que não tem nada a ver com a sexualidade ou gênero da pessoa.

Mas pera aí... a maioria dos banheiros públicos inclusivos para pessoas com deficiência não é unissex?

Essa discussão não chega nesse grupo por falta de preocupação com sua segurança ou pela negação da sexualidade desse grupo?

Seja lá o que for... é preconceito para todo lado.

Fernanda Darcie

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