Coletivo Indra

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Isolamento é conf(OR)ronto..

Acervo pessoal

A epidemia que tem nos assolado é o assunto em todo lugar, aqui e acolá. Novamente vemos em número considerável, e se proliferando quase que de maneira tão rápida quanto o vírus, de especialistas em pandemia, saúde e psicologia. Um bilhão de mensagens no celular, mais meio milhão nas redes sociais e por aí afora. A faculdade Mark Zuckerberg não descansa e continua de forma EAD a formar pessoas embasadíssimas em seus discursos, usando fontes duvidosas e sem nenhuma base científica. E assim o bom senso manda lembranças.

Isolamento pra mim, no início da minha vida escolar e por toda ela não era uma tarefa fácil, mas sim era única opção que tinha. Ou era isso ou era o bullying, as ofensas e violências físicas e psicológicas. De modo que nessa época, o isolamento era uma bênção.

Na adolescência, não foi diferente. Milhares de situações me isolavam de tudo e todos. Perdi a conta de quantas vezes fiquei em casa quando todas as minhas amigas estavam se arrumando pra ir para as festinhas, beijar o seu carinha. Pra mim, era sempre um “não tenho grana”, ou “não tenho roupa pra sair”. Ambos verdade absoluta e constante.

A VIDA ADULTA ME TROUXE MAIS AUTONOMIA E PLENITUDE EM EU SER EU.

Me posicionar enquanto uma mulher trans me fez ver, sentir e querer coisas muito diferentes do que almejava quando criança e/ou adolescente. E passei a valorizar cada minuto sozinha. O meu entorno repleto de gente tóxica e falsa me fazia valorizar um segundo que fosse a cada vez que estava com uma pessoa que realmente valia a pena: EU MESMA. E foi muito difícil perceber tudo isso. O quanto estar sozinha comigo e meus pensamentos, era bom. Até então, eu via sempre como um sofrimento, um castigo, uma dor. E isso é exatamente o contrário.

A PAZ DA TUA COMPANHIA É VALIOSA E VOCÊ NEM SABE.

É preciso entender o medo das pessoas a esse tipo de  “solidão temporária consigo mesmo”. Confrontar-se é uma tarefa muito difícil. Você ver a si próprio pode ser doloroso e cruel. A visão de si não é tão bonita, quase sempre. E aí está o “x” da questão. Pessoas tem medo de isolar-se porque dessa maneira fica impossível não confrontar a si próprio, e ver sua real face e não as outras faces que você mostra aos outros. É preciso ser muito forte pra isso. Força que eu por exemplo, adquiri em anos de isolamento e “solidão compartilhada” comigo mesma. Não digo aqui que pra passar “de boas” por essas coisas é preciso ter vivido situações ruins. Mas, se você não consegue isso, faltou certamente o exercício de conviver consigo durante toda a vida.

Entenda também que há muita gente que não tem estrutura emocional e não consegue fazê-lo. Pode até mesmo sucumbir a tristeza, chegar as vias de fato. Não digo aqui, que gente que não consegue ficar sozinha é fraca ou tão maldosa que vê uma face horrenda de si próprio e se assusta ao ponto de não querer se ver mais. Digo que são pessoas, e por assim ser, são diferentes uma das outras e tem sim tolerâncias diferentes ao novo. Cabe a nós acolher e nunca julgar.

Em suma, ame sua companhia, se acarinhe, faça coisas pra você, se fortaleça!

É só estando forte por dentro e bem consigo que você vai poder ajudar o seu entorno.

VOCÊ É MARAVILHOSE, DEFRUTE DA SUA COMPANIA.
Isolamento é confronto, mas  pode (e deve ser) ser conforto!

Valéria Barcellos

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