Coletivo Indra

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“JÁ ENCHEU O SACO ISSO”

Foto: G1

Com um total de 14,8 milhões de infectados, nessa terça-feira morreu um dos maiores comediantes do Brasil, Paulo Gustavo e tantos outros 411 mil brasileiros com seus sonhos, angustias, histórias, famílias.

E quando o atual presidente da república é acusado de assassinato em massa, de genocídio, ele responde com um cinismo parecido com o do :

Coronel Odorico Paraguaçu da novela “O Bem Amado” - "E daí?!". E na manhã de ontem, endossa seu discurso: “já encheu o saco isso”, isso se refere ao uso de máscaras...

Jair Bolsonaro incentivou e promoveu aglomerações, insistiu na recomendação de uso de medicamento (cloroquina) para combater o vírus, sem qualquer aval científico, recusou-se a usar a máscara, foi publicamente contra o isolamento social. E talvez seja por isso que o STF tenha determinado ao Senado Federal a abertura da CPI da covid-19...

O objetivo da CPI é investigar a (ir)responsabilidade do governo Bolsonaro na pandemia, já que vem tratando a situação grave como algo inofensivo: "apenas uma gripizinha

"A união foi omissa em relação aos estados do norte do país, por exemplo, quando houve a falta de oxigênio em Manaus.

Além disso, quando a ação declarada de negacionismo à pandemia – ou seja, negar a realidade como forma de escapar do mal-estar que a situação proporciona – não é considerada o suficiente, a inação é utilizada como forma de dar continuidade ao extermínio em massa.

Segundo relatos do ex-ministro da Saúde Mandetta, as recusas eram realizadas ao ignorar os ofícios, contou-se que houve 11 ofertas formais de fornecimento da vacina. Mas por que se negar a vacina? Certamente por conta de sua origem chinesa, alguns dirão, afinal, 6 dessas vacinas eram doses do Coronavac com o intermédio do Butantam.

Mas, e as outras 3 recusas às vacinas do laboratório norte-americano Pfizer? Não seria coerente o presidente adquirí-las, já que ele tem se mostrado tão admirador da política estadunidense?

Além disso, o Senador Randlfe Rodrigues (REDE) contou as duas vezes em que se foi negado participar do consórcio europeu com a Covax Facility, apenas no terceiro convite foi que o Brasil adquiriu as 212 milhoes de doses.

Enquanto tais absurdos são revelados com a CPI da covid, Jair Bolsonaro se reúne com mulheres empresárias em hotel da Zona Sul de São Paulo, sem respeitar o distanciamento social e sem usar máscara.

Em seguida, no dia 1 de maio, dia dos trabalhadores, Bolsonaro comemora troca da bandeira vermelha pelo verde e amarelo e declara a “ Medida Provisória “dos direitos de liberdade econômica”. Evoca o reestabelecimento da circulação livre nas cidades mesmo que para isso vidas sejam sacrificadas: livre mercado acima de tudo e de todos.

Ainda nesse dia do trabalho, que mais tá parecendo uma piadinha de mau gosto, Netinho do hit dos anos 90 “Milla” canta em manifestação Bolsonarista na Av. Paulista.

Aglomerados e sem máscaras, cobriam as ruas de verde e amarelo. Os manifestantes bravejam por “Intervenção militar”, “povo armado, jamais escravizado”. Clamavam pela reabertura econômica, e porque não, se mostraram contra o órgão que autorizou a abertura da CPI, o STF.

lsolado e ainda sem partido, Bolsonaro sofrerá ainda mais desgastes com essa CPI, pois provavelmente receberá críticas dos parlamentares que estão em final de mandato e de olho nas eleições do ano que vem. Contudo, apesar dos muitos motivos para se esperar um impeachment, acho muito improvável que isso ocorra.

Um impeachment agora exigiria uma articulação que demandaria tempo e esforço, coisa difícil de acontecer quando as atenções dos parlamentares estão voltadas para as eleições.

A parte boa é que se Bolsonaro pensava em reeleição, mesmo com a boa avaliação do auxilio emergencial do ano passado, essa opção, com a instalação da CPI, some do horizonte.

E, me parece, que o cidadão brasileiro vai responder nas urnas que está de saco cheio.

Marina Rute Pacheco

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