“JÁ ME ARREPENDI DE TER VOTADO NO BOLSONARO”
As manifestações de indignação não param de ser publicadas nas redes sociais pelos eleitores de Jair Bolsonaro (que ainda continua sem partido). E isso pode ser percebido tambem na pesquisa publicada pelo Datafolha em Maio de 2021, em que o percentual de aprovação de 24% foi o pior da história do seu mandato.
De fato desde o início do ano a avaliação negativa só aumentou: em janeiro de 2021 40% dos brasileiros desaprovam seu governo, em março o percentual aumentou para 44%, e agora, em Maio a reprovação do governo Bolsonaro é de 45%. Os dados mostram que a avaliação do governo Bolsonaro como Ruim ou Péssimo têm aumentado consideravelmente aponto de atingir seu menor patamar desde o início do seu mandato em 2019.
Um dos fatores que repercutiu na avaliação negativa do governo foi a falta de empatia com os enfermos pela covid-19 e o descaso em relação a pandemia.
Pensando nas eleições do ano que vem a rejeição ao atual governo se acentua, 54% dos entrevistados assinalaram que não votaria em Jair Bolsonaro. E seu provável adversário, o ex presidente Luís Inácio Lula da Silva, lidera as pesquisas. Ou seja, se nas eleições de 2018 Bolsonaro construiu seu discurso político em torno da crítica, do ódio e do desprezo ao partido dos trabalhadores (PT), é no mínimo uma ironia do destino ver as pesquisas apontarem para um cenário em que seu rival político, Lula, representante das “detestáveis” ações de governo do PT liderar a corrida eleitoral.
Se em 2018 o cenário polarizado estava favorável para que Bolsonaro ganhasse as eleições, ele estava no topo da roda da fortuna, com fama, poder e sorte, o que vemos é os ventos da fortuna apontar para um cenário completamente desfavorável para atual presidente, porque esses dados expressam que o eleitorado de Jair Bolsonaro está mudando o voto. Provavelmente muitos eleitores de Jair Bolsonaro estão arrependidos pelo voto que deram em 2018.
Se arrependem de ter confiado nas promessas de campanha de combate à corrupção e por terem acreditado no discurso que o Brasil iria mudar para melhor.
Mas será que esses eleitores se arrependeram porque perceberam que o problema estava no discurso ou foi a incoerência política de Bolsonaro que os fizeram se arrepender?
Os eleitores de Bolsonaro se arrependidos o estão é porque o governo tem se mostrado um verdadeiro fracasso:
Incompetente para gerir a pandemia no Brasil e dar respostas às demandas econômicas.
Os preços dos alimentos tem subido a cada dia que passa, assim como a gasolina etc.
Em outras palavras, nosso poder de compra diminuiu nesses anos. Imagino que o eleitor romântico tenha votado num líder, aparentemente forte, para restaurar a moral, os bons costumes, limpar o Brasil do mal da corrupção, mas principalmente, para viver em uma economia capitalistas liberal, com espaços para se realizar o sonho do empreendedor individual, com incentivos para vivermos em uma terra onde os sonhos se realizam e onde a prosperidade nos aguarda.
Esse líder apenas esqueceu de dizer aos seus eleitores que ocupamos um lugar na economia mundial, lugar de subdesenvolvimento; até caminhávamos rumo às economias emergentes mas algo aconteceu na geopolítica que o plano não deu muito certo.
Ter consciência que ocupamos esse lugar no mundo é fundamental para enfrentarmos o problema, que certamente não será resolvido com a inspiração na Terra prometida em que as leis da mão invisível do mercado opera com tranquilidade. Acredito que com essa experiência o brasileiro notou que nossa história é feita de forma diferente daquela dos países centrais.
É preciso a gestão do Estado para organizar a vida econômica, pois só com a implementação de políticas públicas (e não governamentais, como foi a política de governo do auxílio emergencial) é possível amortizar a fome e a miséria que tem assolado o país nessa virada de década.
O mais aterrorizante é perceber que seus ex - eleitores não deixaram de se identificar com o discurso do líder empossado. Ou seja, continua na sociedade brasileira o discurso homofóbico, racista, misógino.
Jair Bolsonaro e seus ideólogos seguem rumo ao combate ao inimigo comum, e este outro somos nós cientistas, "esquerdistas", feministas, negros, LGBTQI+.
Agora resta-nos esperar para que a roda da fortuna gire tirando do poder o presidente demagogo, e mesmo que o cenário projetado seja de perda das eleições, é preciso agir. Afinal, nem só de sorte se faz a vida política.
E precisamos agir para que outro líder de mesmo discurso não ocupe o lugar que ficará vago quando Bolsonaro deixar o governo.
Marina Rute Pacheco
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