Coletivo Indra

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Junho, o mês mais colorido de todos!

Pronto, chegamos na metade do ano. Passou rápido, não?

E passaram-se assim 50 anos do Stonewall, movimento libertário ocorrido em um bar novaiorquino na noite de 28 de junho quando uma batida truculenta de policiais foi revidada pelos frequentadores. Naquela noite… houve a bofetada profética! A homossexualidade era crime nos EUA, o processo foi lento, aos poucos a lei foi perdendo força entre os estados americanos até cessar em 2003.

E falar de direitos homoafetivos hoje parece algo óbvio, uma pauta exigente para respostas rápidas. Um simples caminhar de mãos dadas na rua ainda é ato recente e pontual. Destes 50 anos, eu diria 20 e poucos ao falarmos em propagandas e novelas, são apenas uma fração nos dois mil anos de concepções éticas religiosas. E por consequência regendo sociedades.

Neste mês de junho nossa Rainbow Sangha participará, pela primeira vez, de uma agenda importante contribuindo com os espaços de falas de uma população ansiosa por inclusão, acolhimento e compreensão através de eventos, congressos, feiras e a apoteose da Parada LGBT+ de São Paulo.

NÓS, DA RS, SOMOS UMA REPRESENTATIVIDADE DA COMUNIDADE PLURAL DENTRO DO BUDISMO, E DO BUDISMO DENTRO DA COMUNIDADE PLURAL.

Desejamos, assim, expor o olhar do Buda Shakyamuni sobre a vida com a compaixão e sabedoria de uma mente desperta.

A sexualidade (e a homossexualidade) sempre foi assunto indigesto na religiosidade ocidental, quase um curto-circuito. Celibatos, claustros, flagelações, renúncias, a dor do não-prazer liberta os céus. Já em religiões da antiga India conferia à sexualidade uma elevação espiritual e transcendental da mortalidade. Gregos e romanos antigos lidavam como divino e prazeroso. Das tentações do desejo, o medo da eternização infernal era (e é) uma prerrogativa infalível para determinar a sexualidade um ato subversivo da divindade humana designado apenas para a procriação. Socialmente falando, por meio do medo e da culpa eu controlo o outro, basta criar uma narrativa persuasiva e bem estruturado. Definir quem é o ser humano pode ser algo poderoso, promove de um simples desafeto até um genocídio. 

E o pior que o danado do sexo é uma coisa gostosa, dá satisfação, inquieta o interior. A culpa? Da sábia mãe natureza que engenhou o prazer aos pares se acasalarem com frequência perpetuando a espécie. Química simples da sobrevivência. Entretanto, o prazer se manifesta diferentemente da proposta da procriação, o homo religiosus passou a dar uma narrativa ao prazer, e o curto-circuito está exatamente ai. Um valor teocêntrico passou a designar os conceitos humanos.

O desejo (homo ou hétero) emerge inconsciente e convida o indivíduo a um jogo de sedução, quase místico. Assim ele se manifesta, sem um programação ética. Talvez genes determinem o prazer? Não sabemos ainda. Se a ciência comprovar, será o colapso da moral. Os conservadores se preocupam muito com sexo e esquecem do afeto, do amor, do carinho, do abraço, do preocupar, do cuidar, cujos propósitos não são reprodutoras. Narrativas tentam justificar a nebulosa discussão.

São diversas formas de olhar e trago brevemente apenas para ventilar as possíveis causas dos preconceitos e discriminações. A sociedade atual tem reclamado olhares contemporâneos. Associações, juristas, Igrejas inclusivas ou mesmo pelo Papa tem se empenhado para minimizar tais sofrimentos  E começou pela bofetada no bar! Mas há quem resista como países fundamentalistas, e pessoas continuam a sofrer e morrer por causa da narrativa definida ao prazer.

Historicamente, o budismo não é uma religião de fertilidade, não traz a narrativa criacionista ou perpetuação, não se importa com relações amorosas ou sexuais desde que não causem sofrimento, raiva ou apego.

A PREOCUPAÇÃO DO BUDA GIRA EM TORNO DAS AFLIÇÕES, DESEQUILÍBRIOS, VENENOS MENTAIS, DEPENDÊNCIA AO DESEJO IRREFREÁVEL DA MENTE INSATISFEITA QUE LEVA AO SOFRIMENTO INDICANDO CAMINHOS PARA SE LIBERTAR DELE.

Em suma, precisamos celebrar a dignidade humana por meio do respeito imparcial de narrativas. Somos uma única vida pulsando em formas diferentes. As flores vermelhas tem cores vermelhas, as flores brancas tem cores brancas, diz um Sutra do Buda. Retornemos à Natureza do Absoluto que se revela sem distinções. Procuremos nossas micro-iluminaçöes sobre si e o outro. A ignorância causa discriminações, a iluminação desata os nós das aflições e das dororidades. A raiva ao outro é o medo de si, diz prof. Karnal. Nós nos distinguimos como rios, sem saber que nossas águas se fundem em um único sabor quando chegam ao mar.

Se você quiser acompanhar nossas ações presenciais ou virtuais pelas redes sociais, confira nossa agenda de junho, maiores detalhes pelo @budismo_lgbt

05 - SENAC CULTURA DE PAZ

07 - OAB/ SCS

09 - ENERGIA 97 FREEDOM

15 - 1ª RODA DE CONVERSA BLOG*G - NÚCLEO LGBTQ 

19 A 23 PRIMEIRO CONGRESSO DE IGREJAS E COMUNIDADES LGBT+

20 - FEIRA DA DIVERSIDADE (STAND SETOR RELIGIÕES E ONGS)

21 - MESA NO CONGRESSO DE IGREJAS E COMUNIDADES LGBT+

28 - ESTREIA STONEWALL 50 - UMA CELEBRAÇÃO TEATRAL (TEATRO ÍNTIMO)

“Todos os seres viventes são pais e irmãos uns dos outros na inesgotável sucessão de gerações e nascimentos. Todos eles na próxima existência, serão salvos, realizados como Budas.”

Tannisho, cap. v, Mestre Shinran, patriarca fundador da escola Jodo Shinshu Terra Pura.

Gassho 

Rev. Jean Tetsuji釋哲慈

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