Coletivo Indra

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Massa switch off

https://ponte.org/a-pandemia-e-a-populacao-em-situacao-de-rua/amp/

Uma massa pode ser governada? Já se tentou governar a massa com teoria massificante?

Um “governo dos vivos” “em defesa da sociedade” fez da filosofia lugar possível de não- teoria, mas espaço de engrenagem que encontra meios de mostrar-criar “comos”. Como relações de poder são possíveis como uma “microfísica do poder” que se mostra tecido em que cada fio pode atacar a estabilidade da forma-vestimenta ou ser atacado?

_ VISTA?!

_ AINDA QUE SEJA MORTALHA?!

Resistir é criar relações possíveis até que relações impossíveis sejam outra coisa. Uma massa que se governa não é governo de si mesma nem dos outros, é técnica de uma governabilidade. Em se tratando de humanos é biotécnica imersa em “biopolítica” e “necropolítica”.

Uma sociedade que descobre, através do saber, poder disciplinar os corpos; uma sociedade que pautada na razão e na prática de ciências empíricas inventa instituições de adestramento humano, que se pretendem universais; uma sociedade assim, cristaliza lá pelos idos do século XVIII um homem como H maiúsculo, um Homem universal. A escola, o exército, a fábrica, o hospital, a prisão devem ser habitados por esse Homem que pode ser disciplinado e majorar seus rendimentos físicos e mentais.

A massa aqui é circunstância de corpos que se disciplinam por (si mesmos-pelos outros); caso não, serão disciplinados em espaços-ferramentas que prometem corpos mais ágeis e autômatos em nome de uma sociedade tranquila ao sol, porque o sol é para o coletivo; caso não, serão disciplinados porque sempre disciplináveis ainda que excluídos a vida inteira do convívio com os demais, como é o caso da prisão.

A massa que se deixa assim docilizar “respeita”, até segunda ordem, uma disciplina institucional. Vai para a rua após agendamento de reunião e permissão do poder policial, para que nada saia do lugar e para que tudo corra mais do que bem.

MASSA É CORPO.

A massa disciplinada é localizável. Digo isto com um amigo que me acompanha desde uns anos já, Michel Foucault.

Uma sociedade que inventa, através de ciência e tecnologia, meios de controlar não mais, necessariamente, os corpos, mas o que deles se pode ter em termos de ação, ainda que inertes em suas casas; uma sociedade que faz do livro impresso e da propaganda audiovisual instrumentos de formação de saber-poder que pode ser distribuído fordisticamente para o mundo todo; uma sociedade que apostando no evolucionismo e no capitalismo acredita num homem rico de corpo, de saber, de esperteza, de espera, de espera, de espera, de espera, de um dia serei rico, um dia evoluirei, um dia sobreviverei ao mais forte; uma sociedade assim, cristaliza lá pelos idos do século XX um homem todo em caixa alta, um HOMEM que se vende possível em OUTDOORS.

A massa aqui é circunstância de corpos que se controlam por (si mesmos-pelos outros); caso não, serão controlados por alguma imagem de felicidade adquirível, de sacrifício diário possível em nome de lugar ao sol, porque o sol está em espaços coletivos, mas as férias já não são para todos; caso não, serão controlados porque sempre controláveis ainda que excluídos a vida inteira do convívio com os demais, como é o caso da solidão.

A massa que se deixa assim docilizar “respeita”, até segunda ordem, um controle virtual. Vai para a rua após propaganda oficial, ainda que proibida, ou fica em casa usando produto-marca da massa, seja para seguir rebanho de homens-moralmente-padronizados ou pra romper com eles, para que cada coletividade tenha seu lugar e para que os excluídos habitem a rua ou a camiseta no peito de alguém em casa.

MASSA É SUJEITO.

A massa controlável é nômade. Digo isto com um amigo que me acompanha desde uns anos já, Gilles Deleuze.

Uma sociedade que cria diariamente dispositivos usados por seres quaisquer, por singularidades radicais; uma sociedade que governa através de dispositivos veiculados como acessíveis para todos, mas muitas vezes só adquiridos por alguns; uma sociedade que dispositiva corpos e controles para serem usados como bem se entende corpos e controles sagrados porque feitos por humanos para humanos; uma sociedade antropologicamente invadida pela falta de antropologia de sociedades que não conhecem a palavra “razão”, mas que existem como formas possíveis de humanidade; uma sociedade que estudando outras dessubjetiva os seus, fazendo das minorias espaços de captura de identidades excluídas e de resistência à inclusão identitária massificante; uma sociedade cristaliza lá pelos idos do século XXI um homem qualquer, um homem que vive do jeito que possível for. AINDA CORPOS-MODELOS HABITAM OUTDOORS.

A massa aqui é circunstância de corpos que se dispositivam por (si mesmos-pelos outros); caso não, serão dispositivados por alguma máquina de acesso virtualizado, por ferramentas de inclusão em comunidades reais e virtuais de homens quaisquer; caso não, serão dispositivados porque sempre dispositiváveis ainda que excluídos-incluídos a vida inteira do convívio com os demais, como é o caso da sozinhez (facebook, instagram, youtube, sem ninguém olhos nos olhos, “sem ninguém” concreto como a vida lá fora).

A massa que se deixa assim docilizar “respeita”, até segunda ordem, dispositivos quaisquer. Vai para a rua se quiser e afirma sua postura intelectual se quiser, ainda que proibida, fala de qualquer coisa pra habitar massa qualquer, para que cada singularidade tenha seu lugar e para que os excluídos-por-inclusão habitem a rua se precisarem.

MASSA É SER QUALQUER.

A massa dispositivável é qualquer. Digo isto com amigos profanadores que me acompanham desde uns anos já, Michel Foucault, Gilles Deleuze, Giorgio Agamben e saberes-poderes antropológicos.

Homem

HOMEM OUTDOOR

homem qualquer

Just run (in a gym)

Just do it (in outdoors)

Just switch on (everywhere)

biometria da massa

antropometria da massa

vídeocâmera da massa

terror com tanto amor!! sobre um chão qualquer the George Floyd ́s death!! não uma morte qualquer mas aqui acolá se repete num dia-a-dia qualquer!!

bioinformático espaço-tempo

massa ingovernável

e para acabar com o julgamento do homem, julgamento do homem feito pelos corpos- máquinas-apêndices

SWITCH OFF

onde um impossível crie possibilidade de ser-off (isto sem OUTDOORS) corpo-controle-dispostivo um ser qualquer desativa em espaços onde comum é violência?

Ler este escrito acompanhado de outro poema-amigo: “Elogio do aprendizado” de Bertold Brecht.

Sócrates Fusinato - istmorumeiro

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