Coletivo Indra

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Não justifique o injustificável!

Imagem Dormindo com o inimigo

No início desse ano a gente acompanhou um fenômeno, ocasionado pelo principal reality do país, de campanhas e mais campanhas de “cancelamento” de pessoas famosas por atitudes reprováveis que elas estavam protagonizando no programa.

Sem adentrar aqui em qualquer juízo de valor sobre as atitudes dos participantes, o que é certo é que o público, diante da falta de empatia e por discordar das situações, iniciou uma verdadeira jornada de desqualificação, ódio, gerando a perda de seguidores, patrocínio, contratos, e etc.

Como de costume, não foi oportunizado qualquer “contraditório” para o linchamento virtual (e presencial) acontecer.

De uma maneira completamente inversa, aconteceu ao longo deste último final de semana um boom de milhares de novos seguidores no perfil de um DJ que agrediu a sua esposa na frente da filha criança do casal.

Esse fenômeno deveria me espantar – mas admito que já previa o resultado.

O aumento de seguidores do artista evidencia aquilo que estamos acostumados a vivenciar quando o assunto é “violência de gênero”, principalmente no contexto da violência doméstica...

A gente está falando da inversão dos valores, na transformação do agressor em vítima, na transformação da vítima em culpada, naquela batida tentativa dos agressores em “justificar” aquilo que é injustificável”.

Talvez o mais difícil em um contexto de violência doméstica seja provar a agressão, principalmente quando ela não é física. Acontece que quando existem provas da sua ocorrência (vídeos, fotos, testemunhas), a campanha de desqualificação da vítima toma conta, e não existirão limites para esse sujeito tentar se safar de sua responsabilidade.

É nesse momento que começam as narrativas como: ela é oportunista; ela é louca; ela me provocou; ela me traiu; ela é descontrolada e histérica.

Na boa... esse discurso cola, porque esses caras acreditam nisso! Esse discurso cola, porque a sociedade acredita nisso! Esse discurso cola, porque o sistema de justiça também acredita nisso = a culpa

“Muito provavelmente” é da mulher”.

E hoje as redes sociais nos provam isso: após seu vídeo de violência contra uma mulher ser visualizado por milhares de pessoas, seu engajamento e seus seguidores também aumentaram em milhares de pessoas.

E eu não consigo deixar de comparar e analisar a conexão desse fenômeno com aquele que testemunhamos no início do ano – a diferença é que não há empatia quando a linchada é uma mulher, e menos ainda uma mulher preta.

Ao contrário, como nos casos de Bruno, Victor, Netinho, Garrincha, Dado, Biel, Nego, dirão eles:

“Mas não é justo acabar com a carreira do cara por conta de um deslize como esse”...

Pois fiquem tranquilos... muito provavelmente as carreiras e vidas deles continuarão intactas, enquanto que as verdadeiras prejudicadas continuarão sendo elas!

Violência não se justifica!

A culpa nunca é da vítima!

Fernanda Darcie

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