O DIA QUE VOLTAMOS AO SÉCULO XX
Diariamente eu acordo e já abro minhas redes sociais, olho as notificações, verifico as principais notícias do dia e me sinto pronta para começar um novo dia. Não foi diferente na segunda-feira, dia 4 de outubro. Enquanto eu estava fechando um orçamento de revisão textual com uma possível cliente, tomava meu café amargo, e de repente não consegui mais me comunicar com ninguém via redes sociais.
Confesso que me senti perdida, estranha por uma boa parte do tempo, afinal eu não sou uma usuária assídua do Twitter.
Não, eu não fui ver televisão, faz anos que não tenho um televisor em casa, acho que a última novela que eu consegui acompanhar foi nos anos 2000, O clone, que se não me engano está sendo reprisada em canal aberto.
Então, faz anos que não vejo televisão. Sim, vejo séries e filmes, mas sempre no computador ou smartphone. Quando me dei conta que o problema não era na internet e sim em uma falha nas redes sociais do grupo Facebook, já havia passado horas a fio.
Foi uma queda que foi sem precedentes na história recente; nos fez lembrar que as redes sociais, como tudo o que hoje está no antropoceno é gerenciado por humanos, e que pode apresentar falhas.
Sei que as redes sociais do Whatsapp, Instagram e Facebook ficaram fora do ar no mundo todo e que, um dos poucos Millennials bem sucedidos, Mark Zuckerberg perdeu 6 bilhões de dólores e foi ultrapassado pelo billionário Bil Gates, porém o que me preocupou mesmo é a dependência que temos das redes socias no século XXI.
Se no século passado nossos pais e avós não viviam sem ouvir rádio ou assistir à televisão, nossa geração se tornou dependente das redes sociais, e as novas gerações já nascem de olho na telinha dos smartphones.
Imaginem que no país onde 24,8 milhões de pessoas “trabalham por conta própria”, ficaram fora do ar exatamente os aplicativos mais usados pelos brasileiros, que inclusive os usam diariamente para garantir seu sustento.
Será que a segunda-feira nos permitiu ver como a circulação de mercadoria no mundo globalizado é tão dependente das redes sociais? Será que os impactos foram tão severos para os pequenos negócios ou apenas para as grandes e médias empresas?
Não sei. Mas, confesso que não também, não me adaptei a viagem no tempo, ao mundo dos anos 90, da minha infância, quando não se imaginava que um dia teríamos redes sociais.
Naquela época eu queria muito passear de carro voador e conversar por hologramas, mas não imaginava que eu iria gostar e ser tão dependente de redes sociais.
No dia em que retornamos ao século XX eu preferi dormir para ver se eu acordava no terceiro milênio novamente.
Marina Rute Pacheco
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