Coletivo Indra

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Paleta de cores

Começo de 2019, começo de mais um ano, aquele gostinho de férias que as semanas de festa deixam na alma, novas promessas e metas. E este ano um novo governo no Brasil. Que por sinal começou “bombando no twitter”.

Estamos apenas na primeira quinzena deste novo momento histórico da presidência do Brasil e, dentre todas as polêmicas geradas, resolvi falar de uma só, para não fatigar meu nobre leitor que talvez ainda esteja me lendo na rede com a brisa leve no rosto. “Meninos vestem azul e meninas vestem rosa”.

Esta é a discussão bicolor que eu gostaria de levantar. Dentro da história da vestimenta do mundo a roupa é usada como uma forma de codificar classe social, religião, região, sazonalidades, entre outros. Ou seja, um diferenciador social, de gênero e de classe. Por exemplo: o alto clero usava vermelho, os reis usavam vermelho, numa época que a produção da coloração vermelha era muito cara e a maioria das roupas eram de algodão cru ou tons pastéis.

A tradição de usar rosa para meninas e azul para meninos é muito recente, é dos anos 1980. No início dos anos vinte começou uma discussão, pois algumas lojas de departamento americanas achavam que o rosa deveria ser para meninos por ser uma cor “forte e determinada” e o azul para meninas, uma cor “delicada e amável”. Porém, por questões econômicas e comerciais, lançamento de coleções e estoques, a maioria das lojas tinham produtos azul para meninos e rosa para meninas, e assim se vendeu. E na década de 1980 virou “tradição”. Uma tradição que está inserida em todo setor comercial relacionado a maternidade e bebês, quase uma imposição.

Antes do comércio da moda impor esta tradição, as crianças em geral usavam branco, você pode buscar fotos dos seus pais quando criança ou de seus avós, as variações de cores iam no máximo para os tons pastéis claro.

É curioso saber que, historicamente, a indústria da moda está ligada a esta dualidade de cores x gênero. Mas a discussão vai além disso, é sobre o prisma que você olha, avalia, rotula, julga, cobre, veste, mostra suas ideologias e seus preconceitos. Aceitar esta imposição de comportamento rosa e azul é compactuar com a limitação da liberdade de escolha, de expressão e opinião.

Temos a liberdade e direito de vestir as cores que nos representam e levar esta tradição de cor para suas crianças é continuar criando cisão e desrespeitos aos gêneros. Meninos e meninas trazem em sua pureza e essência todas as cores, todas as belezas de um primeiro olhar, chegam sem julgamentos e moral, deixa-los livres com as cores e suas descobertas é ensiná-los a diversidade do mundo!  É necessário mudar a paleta de cores do nosso olhar! 

Gaby Haviaras

Instagram @gabyhaviaras

Este texto foi publicado dia 16.01.2019 no site @Acontecendoaqui

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