Coletivo Indra

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Rainbow Sangha, a Comunidade Arco-Íris

Sangha é a Terceira Jóia do budismo, significa Comunidade de monges, monjas e leigos e leigas. As outras duas Jóias são o Buda, o iluminado e o Dharma, os Ensinamentos. Chamamos de Jóias ou Tesouros por serem o mais preciosos pilares a libertar o ser humano sofrimento causado pela ignorância, ganância e ira.

Nesta semana dia 13 de fevereiro no centro de prática Mugueti Monpô Dojô em São Paulo vamos realizar o primeiro encontro de um sangha inclusivo, uma comunidade budista LGBT+. Será um pequeno ensaio de como os ensinamentos do Buda podem contribuir com a visão inclusiva, compassiva, tolerante, uma fala não-discriminatória, um retórica religiosa e benéfica na sociedade. Como discorri em outros momentos, o cerne do budismo é o sofrimento e sua cessação e apresenta um modo de vida de profunda auto-realização. São visões plurais sobre o Sagrado em ver o homem além de uma visão periférica espiritual.

A ideia do sangha paira há muito tempo entre eu e monge Rev. Maurício Hondaku, um grande e querido amigo, o hétero mais defensor da causa que conheço! Por conta de uma discussão em lista de whatsapp, resolvi abrir uma espaço paralelo para este assunto - budismo e LGBT+. E de repente vi além dos praticantes budistas, entrarem médicos, psicólogos, psiquiatras, juristas e um público bastante interessado em conhecer outras formas de entender o ser humano sem o peso dantesco da culpa, do pecado, do castigo divino e tantos outros dogmas apontados reverberando sofrimentos, preconceitos e discriminações.

Temos diversas tradições budistas participantes, mas também outras vertentes religiosas. A ideia não é segregar este nicho no campo religioso, mas permitir um espaço de fala LGBT+ e o intercâmbio da relação entre o sagrado e o ser humano por esta filosofia. O fato de comungar diversas escolas budistas é endossar o vasto ensinamento essencial comum a todas elas proferido pelo Honrado do Mundo, o Buda Shakyamuni, há 2600 anos. O teor fundamental deste projeto é como o budismo entende o ser humano, a pluralidade sobre a vida, nosso modus operandi e sobretudo se desculpabilizar da ideia de preconceito e discriminação oriunda de uma visão religiosa distorcida e não atual. O budismo se destaca por ser um caminho de compreensão e responsabilidade, congregando o rito e a liturgia ao Sagrado. Certa vez assistindo ao programa Caminhos do Bem no canal Curta!, um rabino comentou sobre as famílias plurais contemporâneas: a religião está aqui para fazer o homem se entender, não ditar como ele deve ser. E compactuo muito com sua fala.

Em segundo momento deste projeto gostaria de aproximar igrejas inclusivas como a Metodista e Anglicana, assim como espíritas e religiões de matriz africana unindo o pilar central de todas suas ações, a pauta LGBT+ e religiosidade inclusiva. Na esfera comum está sofrimento, a exclusão e mesmo a marginalização de direitos e espaços assombrados a esta população inserida inevitavelmente em um cenário religioso monofacetado.

Na Feira da Diversidade da Parada Gay de São Paulo há alguns anos me deparei com estandes de igrejas inclusivas e achei uma excelente iniciativa! Agora como religioso e apoio de nosso templo ensejo dar este passo cercado de muitas pessoas queridas especiais e determinadas a permitir que contribuamos na transformação de um novo olhar. 

Sei que soa platônico desejar que todos se beneficiem, mas é o que se espero, esperamos na verdade, e se ao menos uma, dez ou algumas pessoas conseguirem mudar esse estado de sofrimento, opressão, culpa e puder expressar a sua fé, sua conexão ao Sagrado sem dor, sem culpa, se libertar e se refugiar terei alcançado o propósito deste projeto com alegria perene em meu coração. 

“Porque neste mundo, ódios jamais cessam pelo ódio.”

Mas eles só cessam pelo afeto. 

Isto é um vetusto natural principio.

(Dhammapada, Os versos gêmeos, 5)


Gassho 

Rev. Jean Tetsuji釋哲慈

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Namu Amida Butsu