Coletivo Indra

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Ruth ou Raquel?

g1.globo.com

Vou aproveitar o ensejo do colega Cadu Perol, que falou na sua coluna de segunda aqui do blog sobre a metáfora do copo meio vazio ou meio cheio. Ele aborda a forma como conduzimos os nossos relacionamentos, sejam estes amorosos ou não. Independente de como o vemos (meio cheio ou meio vazio) ele sinaliza que o importante é que não o deixemos transbordar e aponta os benefícios de uma boa e verdadeira conversa entre as partes. E eu não poderia concordar mais com ele.

 “O que a vida quer da gente é coragem”

Parafraseando Guimarães Rosa, o que hoje eu gostaria de refletir e, ao mesmo tempo tentar fazê-los refletir, é sobre a importância da empatia e da coragem para a tentativa do estabelecimento da comunicação entre as partes. Sim, é preciso ter coragem.

Vivemos em um completo caos. Seja socialmente, economicamente, politicamente ou afetivamente. Fazendo ou não brincadeira da nossa própria “loucura”, todos temos traumas, tristezas inexplicadas, confusões, desequilíbrios. E na maioria das vezes não é fácil expor ou falar sobre isso. A comunicação que todos entendemos ser importante se perde nos nossos desencontros internos e externos, que são tantos.

 “Que a minha loucura seja perdoada

Pois metade de mim é amor

E a outra metade também”

 Ao mesmo tempo, tudo o que queremos é sermos entendidos e, mesmo com todas as limitações que sabemos que temos, que sejamos amados. E é aí a nossa necessidade da empatia do outro.

Entende-se que a medida que conhecemos o outro, compreendemos comportamentos, falas, limitações , o que justificaria alguns comportamentos. Quero deixar claro que não estou me referindo ou querendo justificar comportamentos abusivos.

Aqui estou indo mais raso mesmo. Estou tentando trazer um pouco a nossa dificuldade em estabelecer um canal de comunicação em uma relação saudável.

 A verdade é que nos falta coragem, temos medo. Temos medo do abandono. Temos medo da desaprovação do outro que, muitas vezes, tudo o que pensamos ser inaceitável ao outro, escondemos.

E é neste momento que perdemos a possibilidade de comunicação. A verdadeira comunicação se esvai.

 Eu, particularmente, já escutei diversas vezes, de pessoas diferentes e que considero minhas referências, que não podemos contar ou partilhar tudo. E acreditei nisso por um tempo. Hoje penso diferente, mas vou ser sincera e afirmar que ainda não consigo em 100% do tempo exercer a minha coragem em falar.

É um exercício. O que digo hoje é que quero poder, um dia, despir-me totalmente na frente de quem amo. Quero ser verdadeira. Quero enfrentar os meus mais obscuros pensamentos, enfrentando os meus medos e os possíveis julgamentos.

 “Mas um dia ainda hei de ir, sem me importar para onde o ir me levará.”

A real é que todos estamos, de alguma forma, quebrados. Nem somos Ruth e nem Raquel. Ninguém é de todo bom ou de todo ruim. Somos uma mescla de amor e ódio, de tristeza e de alegria, empatia e narcisismo. Somos imperfeitos. E contanto que busquemos melhora, não há problema nenhum nisso.

 Abraço a todos

Rafaella Albuquerque

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