Coletivo Indra

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Saúde é um direito de todos e dever do Estado, será?

Você sabe o que significa “saúde”? Em 1947, a Organização Mundial de Saúde (OMS) conceituou saúde como “o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Amplo não? Apesar de parecer utópico para muitos, esse conceito nos permite “fugir” do modelo biomédico tradicional, que indicava somente os fatores biológicos como responsáveis pela ocorrência de doenças e muitas vezes não considerava os fatores inerentes ao social, ambiental e econômico. Esse fato foi considerado um avanço, uma vez que proporcionou a ampliação do entendimento da complexidade dos processos relacionados a saúde/doença.

Logo após a descoberta dos micro-organismos, os pesquisadores defendiam a teoria da unicausalidade, em que os processos de saúde/doença estavam relacionados a uma causa somente: a presença dos micro-organismos. Eles acreditavam que uma vez infectados por um agente teríamos inevitavelmente o desencadeamento da doença. Hoje sabemos que isso não é uma verdade absoluta.

Na atualidade, entende-se que o processo de saúde/doença é baseado em um complexo conjunto de componentes causais. E quando estudamos mais profundamente esses componentes, entendemos que a cadeia de transmissão das doenças perpassa por aspectos sociodemográficos e comportamentais associados as pessoas - como a idade, o sexo e os hábitos; assim como aspectos mais amplos, como condições de vida e trabalho. Considerando todos esses fatores que são instituídas as políticas públicas voltadas para garantir a saúde da população, afinal, segundo a nossa Constituição Federal “a saúde é um direito de todos”.

Vocês sabiam que o controle das doenças está inserido dentro do contexto do Sistema Único de Saúde (SUS)? Muita gente acredita que o SUS baseia-se somente no diagnóstico e tratamento das doenças e não no controle em si. É tanto que muita gente que tem plano de saúde afirma não utilizar o SUS. Deixa eu contar uma coisa para vocês: TODOS nós utilizamos o SUS.

O SUS atua desde a construção de uma praça, que visa promover saúde aumentando a qualidade de vida da população daquela área, como na obtenção de um medicamento de alto custo; desde a fiscalização em um estabelecimento comercial, como um restaurante, até a borrifação de uma casa devido a presença de insetos vetores; desde a visita domiciliar da equipe de estratégia de saúde da família (ESF) até a disponibilização de uma vacina ou o financiamento de uma pesquisa na área da saúde. Tudo isso é SUS. E digo mais, nós não somente utilizamos o SUS como fazemos parte do SUS. E isso meus amigos é uma responsabilidade urgente que temos que assumir.

Vocês já pararam para pensar sobre o que fazemos pela nossa saúde? Posso hipotetizar que vocês pensaram nos hábitos e comportamentos relacionados a alimentação e prática de exercícios físicos. Acertei? Excelente! Precisamos, de fato, cuidar da nossa saúde individual, adquirindo melhores hábitos e comportamentos. Mas, você já parou para pensar o que você faz e o que poderia fazer pela saúde do coletivo? Da comunidade? “Ahhh, mas isso é uma responsabilidade do Estado!” Sim, de fato é.

Mas é fundamental que entendamos que de nada adianta jogar a responsabilidade exclusivamente para o Estado se existem ações de prevenção que dependem principalmente de nós, da população. Vou dar um exemplo claro, a limpeza da nossa casa, principalmente do nosso quintal, pode estar relacionada a ocorrência de doenças. Lembra do conceito de saúde, lá no começo do texto? Quando falamos sobre os fatores relacionados ao ambiente?

O acúmulo de lixo, de entulho e de água podem tornar o ambiente mais favorável ao desenvolvimento do ciclo de vida de insetos vetores, como o do mosquito da dengue (Aedes aegypti), bem como funcionar como esconderijos para outros animais, como escorpiões, aranhas e roedores. Vocês têm noção de quantos acidentes causados por escorpião foram notificados no Brasil nos últimos 5 anos?! 467.958!! Isso mesmo! Quase 500.000 acidentes! Isso significa que a cada 10.000 pessoas, 25 são picadas por escorpiões. E parte desses acidentes são fatais, principalmente quando ocorrem em crianças e idosos.

É importante ressaltar que, a depender das condições ambientais (abrigo e alimento), esses animais se dispersam. Então se você mantém o seu quintal favorável a presença desses animais, você pode estar colocando em risco não somente a sua saúde, mas também a saúde dos seus vizinhos.

Assim como este, podemos pensar em diversos outros exemplos de como o nosso comportamento (e conhecimento) pode impactar diretamente na nossa saúde e na saúde das demais pessoas. Neste sentido, eu convido todos a realizar uma reflexão sobre como podemos contribuir, ajudar, auxiliar e nos empoderar dos assuntos relacionados a saúde.

Segue alguns links que contém informações importantes sobre as principais doenças que acometem a nossa população. Eu espero que sejam utilizados da melhor forma possível!

http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z

http://datasus.saude.gov.br

P.S: Gostaria de agradecer a todos os colunistas a oportunidade de participar do blog, e, em especial, a Gaby Haviaras pela confiança. O blog tem estimulado a minha análise crítica sobre os mais diversos assuntos e é sempre um prazer poder trocar com todos vocês.

Rafaela Albuquerque

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Rafaella Albuquerque e Silva

  • Médica veterinária apaixonada por saúde pública

  • Especialista em Epidemiologia

  • Mestre em Sanidade Animal

  • Doutora em Medicina Tropical

  • Professora do Centro Universitário de Brasil - Uniceub

  • Consultora Técnica do Ministério da Saúde.