Coletivo Indra

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Stealthing

obra Dia 241, de Patricia Ackerman (2020)

Existem algumas práticas que são tão antigas como a própria cultura machista que as cria... mas é mais recentemente que estamos colocando os nomes nos seus devidos lugares.

E pensei em falar sobre o “stealthing” nesse texto de hoje, porque mais do que nunca tenho recebido o contato de meninas pedindo socorro em casos como esse.

Mas afinal, o que é esse tal de “stealthing”?

Do inglês: stealthing (furtivo).

Na prática, ela faz referência ao ato de se tirar o preservativo durante a relação sexual sem o consentimento da outra pessoa.

Também existem casos de parceiros que usam a camisinha furada (sabendo disso), para enganar a outra pessoa.

Isso é grave, e mais do que isso, é um crime – violação sexual mediante fraude (artigo 215 do Código Penal).

Há quem entenda que isso também pode configurar estupro, uma vez que, em muitos casos, se a vítima soubesse que a camisinha foi tirada ela não iria continuar na relação.

Acho importante falar sobre essas coisas, porque assim como diversas outras micro ou macro agressões, é muito comum que a gente naturalize esse tipo de ato, que culturalmente não passa de uma “brincadeirinha” do parceiro, mas que não dá mais pra passar pano, né?

Além de ser uma violação da liberdade sexual de quem é vítima, é um ato de extremo perigo, tanto em relação à gestação indesejada, como possível contágio de ISTs – aí tem mais crime ainda na jogada (ex: lesão corporal e perigo de contágio venéreo).

E também é por isso que temos que falar sobre isso, para que mais pessoas tenham conhecimento sobre essa prática, sobre o quanto isso é errado e violento, e também dos cuidados que precisam ser tomados depois de acontecer (ex: fazer um B.O. e procurar atendimento médico para recebimento de profilaxia de emergência).

Apesar de toda essa questão de saúde e também criminal, o que mais uma vez a gente percebe é a relação de poder que fica escancarada com esse tipo de violação.

E o pior, os agressores também naturalizam esse ato, não tendo a verdadeira dimensão do que significa enganar a outra pessoa ou força-la a um relacionamento de um jeito que ela não concorda.

“eu não sinto prazer com camisinha”

“eu queria te sentir melhor”

“você nem percebeu quando eu tirei, viu como não tem problema?”

“relaxa que eu gozei pra fora”

Não...nada disso tá ok!

O consentimento deve ser claro em relação a todos os atos sexuais! Qualquer que seja a ausência dele, é uma violência e pronto!

Fernanda Darcie

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