Coletivo Indra

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Uma licença poética

Brazilian Times

O Coletivo Indra oportunizou a capilarização da minha fala sobre saúde. É mais um meio que tenho para fazer ecoar os conceitos, os direitos e deveres, os caminhos para o fortalecimento da garantia ao acesso, a luta no âmbito da saúde. A educação representada pelo acesso à informação, todos sabem, é a forma mais viável de conseguirmos nos empoderar, e também aos nossos e a população a longo prazo. 

Acabei de ler a coluna do Antônio Prata na Folha (14/03). E ele fala de palavras e termos que entraram em desuso, somente para fugir dos temas que envolvem o presidente e sua façanhas mais do que descabidas. Outro colunista, Ricardo Araújo Pereira, fala sobre meditação e a sua dificuldade em desacelerar os pensamentos, de uma forma bem leve e cômica.

Pois bem, inspirei-me neles. Quero entrar, neste minuto, em uma bolha invisível de paz e harmonia, e fingir, por um minuto que seja, que não vivemos “o” caos.

O que eu vou escrever pode parecer piegas e talvez até seja, porque o amor é brega. Cartas de amor são bregas, segundo a maravilhosa Maria Bethânia. E eu concordo. Já expus, em colunas passadas, que o amor é uma ação e não um sentimento. Você escolhe amar e isso te leva a controlar o seu julgamento às pessoas que pensam diferente de você. Coloco “controlar” porque não quero parecer hipócrita.

 Eu escolho amar. Mas não é uma escolha fácil.

Eu tenho um novo amor. No começo não foi fácil assumir pra mim mesma, quiçá para os outros. Mas eu tenho. E como é bom poder falar sobre ele sem a culpa que sentia outrora. É um amor daqueles arrebatadores, sabe?

Aqueles que você nem acredita que vai durar, de tão desnorteador. Amar é uma escolha que deve ser reafirmada todos os dias. Que exige autocontrole, autoconhecimento e respeito, a mim e aos outros. Quem me conhece bem sabe que tenho dificuldade nas duas primeiras exigências, mas sigo tentando. Dando a minha cara a tapa, chorando e aprendendo. E me desculpando. E desculpando os outros. Mas sem tornar um ciclo. Não, não é um círculo. Andamos em linha reta, sempre.

Certa vez, há muito tempo, li um texto que dizia ser impossível viver com o amor da sua vida, porque a intensidade tornaria tudo muito difícil.

Tudo passa a ser muito visceral, tanto os sentimentos ruins como os bons. Esse texto não anulava a importância do grande amor, pois dizia que o papel do grande amor era te acordar para a vida e para si mesma.

Engraçado que esse texto fez muito sentido no passado, quando eu era mais nova e quando realmente tudo (em todos os aspectos) era visceral. Mas agora não. Não creio que não tenhamos a escolha da mudança, da maturidade, do respeito e/ou dos acertos. Vivo mais atribulada emocionalmente, mas consigo enxergar muito crescimento neste pouco tempo de caminhada juntas. E que sigamos corajosas para sempre realizar a autorreflexão.

Muito amor a todos.

Rafaella Albuquerque

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