"Você pode ter a sua própria opinião, não seus próprios fatos"
Semana passada, para o meu privilégio e honra, reencontrei meus queridos amigos de infância.
O Cenário? Botequim, claro. No Bairro do Ipiranga em uma noite fria e chuvosa. Sem música. Não havia ninguém no local, somente os irmãos de outrora, o "temido" caixa baixa do Jardim Previdência.
À mesa? Cachaça e Porchetta Pururucada. Desconheço maneira mais elegante.
Enredo? 37 anos de amizade e as nossas estórias de encontros e desencontros com a vida.
Resultado? Sorrimos, Gargalhamos e Lacrimejamos.
Também não poderia ser diferente afinal quantas estórias, descobertas e memórias, algumas póstumas, juntos. Não à toa repetimos o mantra PRECISAMOS NOS VER MAIS VEZES no início e fim dos nossos encontros, cada vez mais espaçados e raros.
Olhar para eles é como manter o elo com uma memória positiva da minha vida onde as relações eram mais leves, simples, sinceras e autênticas. Pois estabelecemos a nossa relação fraternal base confiança, sinceridade, fidelidade e reciprocidade.
Confesso que me surpreendo com a longevidade da nossa relação, afinal de contas não somos mais as pessoas que congelamos em nossas memórias afetivas. Somos adultos, temos responsabilidades e as circunstâncias mudaram sensivelmente. Honestamente, desconfio que nossa amizade ainda se mantenha muito mais pelo que vivemos no passado do que pelo presente. Investimos horas relembrando as pessoas e circunstâncias do passado, repetidas vezes em nossos encontros, mas quando assuntamos os temas do momento, adivinham? Os anos de "distanciamento", devido as trajetórias, se apresentam nos discursos e posicionamentos.
Onde estão os meus amigos de infância? Quem são vocês? Algumas das perguntas que me faço em silêncio enquanto proseio com meu cigarro e escuto meus amigos adultos de infância.
Penso ser natural um certo estranhamento após um hiato considerável. Evoluímos de maneiras diferentes, não somos mais as pessoas congeladas em nossas memórias. Me sinto culpado por desejar um rompimento no estilo "permitir o charuto apagar-se organicamente no cinzeiro". Mas na sequência me recordo sobre a base de construção do nosso relacionamento: CONFIANÇA, SINCERIDADE, FIDELIDADE e RECIPROCIDADE.
Tudo se apazigua.
Cá entre nós, para "um elemento do caixa baixa" estou quase roendo a corda. Seus posicionamentos, em temas sensíveis para mim, são baseados em OPINIÃO PRÓPRIA, NÃO EM SEUS PRÓPRIOS FATOS.
Tudo se turva... Para se apaziguar, num segundo momento.
Sigamos!
Nota: A celebre frase VOCÊ PODE TER A SUA PRÓPRIA OPINIÃO, NÃO SEUS PRÓPRIOS FATOS foi proferida pelo Senador Americano Daniel Patrick Moynihan (1927-2003) durante argumentação com colega, menos capacitado, que pontuou sua retórica com a frase "essa é a minha opinião".
Everton Asao
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