Aqui estamos, de volta à escrita quinzenal. 

Ao exercício de não se intimidar com a tela branca. 

Ao desafio de não alimentar as tristezas cotidianas, nesses tempos tão trágicos, com pensamentos pessimistas. 

À vontade de encontrar palavras que facilitem o voo de quem as lê.

A cada nova notícia dos rumos da macro política do país, mais nos sentimos indefesos ante a tanta barbárie. E, os mais lúcidos, ainda se perguntam como aquela pessoa, que parecia tão legal, pode seguir apoiando esse genocídio cada dia mais evidente...

A família reduziu. Não dá mais para encarar aqueles parentes que dizem ou postam tanta barbaridade. Os amigos ficaram mais seletos também. 

Mas a constatação de que os que mais importam são aqueles que nunca largaram a nossa mão, devolve a esperança.

Assim, peço licença para abrir o ano com uma poesia de Solano Trindade, poeta que seguimos, Companhia de Teatro Íntimo, apresentando, virtualmente, ao lado do Coletivo Preto, no espetáculo Negra Palavra. E que deu origem a um outro coletivo que, mesmo sem não ter o nome escolhido ainda, é alimentado pela coragem, talento e beleza de jovens atores que escolheram o caminho da arte para existir!

Com vocês, o Poeta do Povo: Solano Trindade.

Axé e evoé!    

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

Solano Trindade

Nem tudo está perdido irmãos

nem tudo está perdido amadas

O sol voltará a nos trazer calor

Esta é a mensagem nova

que o poeta nos traz

para que desperteis para a luta

na hora de vossa angústia

irmãos e amadas do meu século!

Se os poderosos

cada vez mais escravizam,

os oprimidos

lutam por liberdade

É maior a esperança

de libertação...

Nem tudo está perdido amigos

nem tudo está perdido camaradas

Há medíocres

imbecis

preconceituosos

mas é grande o número dos puros

dos simples

dos que creem no amor

A água não secou em todos os rios

nem todas as mulheres são estéreis

se alguns ainda querem guerra

é grande a esperança da paz...

Nem tudo está perdido irmãos

Nem tudo está perdido amadas.

Renato Farias

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