Coletivo Indra

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Meu espelho, meu carrasco!

DALLAS — While heterogeneous in form, cultural reference, and concept, the four exhibitions at the center of the Dallas Contemporary 2015 season.

“Uma cultura focada na magreza feminina não revela uma obsessão com a beleza feminina. É uma obsessão sobre a obediência feminina. Fazer dietas é o sedativo político mais potente na história das mulheres; uma população passivamente insana pode ser controlada”. ‒ Naomi Wolf.

Nesta semana, fazendo minhas buscas criativas de assuntos, achei um documentário de 2016, muito interessante e que me impactou com a frase a cima. Esta fala tão contundente é da escritora e ativista política norte-americana Naomi Wolf, autora do livro “O Mito da Beleza: Como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres”.

Livro que é uma das fontes de inspiração, ou salvamento de, Taryn Brumfitt, ex Body Builder, que conta sua trajetória no documentário EMBRACE. Quanto ela passa por um processo de crise e descontentamento grave com seu corpo após o nascimento do terceiro filho. E a partir dai começa a procurar saídas para sua depressão e violência contra si mesma.

Outra coisa que me impactou foi a pesquisa feita por ela, que relata que 91% das mulheres ODEIAM seus corpos. Não só não gostam, ODEIAM! E isso é uma epidemia.

Cultura de desvalorização da imagem feminina, padrões estéticos sociais impostos, publicidade, industria fitness medicamentosa, vão nos empurrando para os padrões ditos normais: “barbies”, “vestir 36”, “capa de revista”, “musa fitness” causando uma distopia física e psicofísica.

VOCÊ ACHA QUE A MULHER BRASILEIRA, COM TODAS AS SUAS POSSIBILIDADES DE FORMAS, VOLUMES, CORES, ETNIAS, TEM COMO PADRÃO VESTIR 36?

Cena do Documentário: Embrace

E ao assistir estes depoimentos graves, somado a semana da diversidade em que pude admirar tantas possibilidades de corpos, e ao ler o texto do Noguera sobre as transformações que Michel Jackson fez com seu corpo, eu pergunto:

O que estamos fazendo com nossos corpos?

Qual a imagem real que temos dele e qual a que projetamos?

Quais são as violências que me imponho?

Quais padrões quero me encaixar para ser aceita?

UM DOS ÚLTIMOS TERRITÓRIOS QUE QUEREM DOMINAR É O CORPO!

Ao mesmo tempo tenho visto tantos movimentos contrários as “capas de revistas”: modelos plus size, moda plus size, moda agênero, modelos com vitiligo, youtubers diversas encorajando seus públicos, com roupas, cabelos e comportamentos diferentes.*

Quando começamos a olhar para o nosso corpo como um álbum de memórias, como um santuário de informações da nossa vida e ancestralidade, que vai se moldando com nossas escolhas, causas e condições, entendemos que ele é apenas uma ferramenta para realizarmos a vida, esta vida agora!

Uma chave de grifo jamais terá a mesma forma e função de uma chave de fenda, porém, ambas se bem cuidadas, podem ter vida longa e realizarem suas funções.

É preciso perguntar mais:

Estou saudável?

O que me faz sentir bem?

Estou respeitando a história do meu corpo?

Qual a função do meu corpo?

Eu estou feliz com este corpo?

O que movimento em mim para aceitar minhas formas, curvas e funções?

Gaby Haviaras

Instagram @gabyhaviaras

Siga no instagram @coletivo_indra

* Algumas referências:

Plus Size Rouparia @plussizerouparia

Moletrans (Moda agenero) @capacitransrj

Dimila Mothe (modelo plus size) @dimila.mothe

Chantelle Brown Young (modelo vitiligo)