Meu espelho, meu carrasco!
“Uma cultura focada na magreza feminina não revela uma obsessão com a beleza feminina. É uma obsessão sobre a obediência feminina. Fazer dietas é o sedativo político mais potente na história das mulheres; uma população passivamente insana pode ser controlada”. ‒ Naomi Wolf.
Nesta semana, fazendo minhas buscas criativas de assuntos, achei um documentário de 2016, muito interessante e que me impactou com a frase a cima. Esta fala tão contundente é da escritora e ativista política norte-americana Naomi Wolf, autora do livro “O Mito da Beleza: Como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres”.
Livro que é uma das fontes de inspiração, ou salvamento de, Taryn Brumfitt, ex Body Builder, que conta sua trajetória no documentário EMBRACE. Quanto ela passa por um processo de crise e descontentamento grave com seu corpo após o nascimento do terceiro filho. E a partir dai começa a procurar saídas para sua depressão e violência contra si mesma.
Outra coisa que me impactou foi a pesquisa feita por ela, que relata que 91% das mulheres ODEIAM seus corpos. Não só não gostam, ODEIAM! E isso é uma epidemia.
Cultura de desvalorização da imagem feminina, padrões estéticos sociais impostos, publicidade, industria fitness medicamentosa, vão nos empurrando para os padrões ditos normais: “barbies”, “vestir 36”, “capa de revista”, “musa fitness” causando uma distopia física e psicofísica.
VOCÊ ACHA QUE A MULHER BRASILEIRA, COM TODAS AS SUAS POSSIBILIDADES DE FORMAS, VOLUMES, CORES, ETNIAS, TEM COMO PADRÃO VESTIR 36?
E ao assistir estes depoimentos graves, somado a semana da diversidade em que pude admirar tantas possibilidades de corpos, e ao ler o texto do Noguera sobre as transformações que Michel Jackson fez com seu corpo, eu pergunto:
O que estamos fazendo com nossos corpos?
Qual a imagem real que temos dele e qual a que projetamos?
Quais são as violências que me imponho?
Quais padrões quero me encaixar para ser aceita?
UM DOS ÚLTIMOS TERRITÓRIOS QUE QUEREM DOMINAR É O CORPO!
Ao mesmo tempo tenho visto tantos movimentos contrários as “capas de revistas”: modelos plus size, moda plus size, moda agênero, modelos com vitiligo, youtubers diversas encorajando seus públicos, com roupas, cabelos e comportamentos diferentes.*
Quando começamos a olhar para o nosso corpo como um álbum de memórias, como um santuário de informações da nossa vida e ancestralidade, que vai se moldando com nossas escolhas, causas e condições, entendemos que ele é apenas uma ferramenta para realizarmos a vida, esta vida agora!
Uma chave de grifo jamais terá a mesma forma e função de uma chave de fenda, porém, ambas se bem cuidadas, podem ter vida longa e realizarem suas funções.
É preciso perguntar mais:
Estou saudável?
O que me faz sentir bem?
Estou respeitando a história do meu corpo?
Qual a função do meu corpo?
Eu estou feliz com este corpo?
O que movimento em mim para aceitar minhas formas, curvas e funções?
Gaby Haviaras
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Siga no instagram @coletivo_indra
* Algumas referências:
Plus Size Rouparia @plussizerouparia
Moletrans (Moda agenero) @capacitransrj
Dimila Mothe (modelo plus size) @dimila.mothe
Chantelle Brown Young (modelo vitiligo)