O que as fakenews e ghost writer tem a nos dizer quando usados na política
Eu não sei vocês, mas eu já estava pensando que os políticos brasileiros tinham nos dado uma trégua em relação às fakenews. Pensei que tinham assuntos mais urgentes para tratar ao invés de caluniarem uns aos outros.
Pois bem, pensamos errado. Leda Nagle, jornalista de sucesso, apresentadora do Jornal Hoje da TV Globo há alguns anos, propagou uma notícia falsa que foi veiculada por uma conta no Twitter também falsa, do diretor-geral da PF Paulo Maiurino.
A fakenews propagada ao vivo, via live, se referia a um suposto plano do STF junto com ex-presidente Lula de assassinar Bolsonaro.
Mesmo tendo postado em suas redes sociais, Instagram e Twitter, um pedido de desculpas, a propagação da fakenews continuou sendo vista como maus olhos pelo público geral. Imagino que quem leu o pedido de desculpas lembrou daquela entrevista de 2019, quando conversava com o presidente Jair Bolsonaro sem questionar qualquer atitude do líder de Estado, ou sem indagar sobre os escândalos aos quais seu governo estava associado como o caso “Queiroz” ou o esquema do “Laranjal”.
E por falar em “laranja”, Leda Nagle foi a ghost writer (escritora fantasma) da carta em defesa da Amazônia e dos indígenas enviada ao presidente Biden, dos EUA.
Ou seja, a pedido de Jair Bolsonaro, Leda Nagle escreveu a carta em que o chefe de Estado Brasileiro promete acabar com o desmatamento ilegal no Brasil. Uma verdadeira obra prima da demagogia, pois qualquer um que tenha acompanhado as atitudes de Bolsonaro, mesmo quando ainda em campanha política, pôde perceber que as questões ambientais nunca foram uma prioridade no seu plano de governo, muito menos as pautas das comunidades étnicas.
Cacique Raoni Metuktir, liderança Kaiapó e figura pública, em vídeo destinado ao presidente Joe Biden denuncia as ações do atual governo: “Tenho ficado muito triste. Triste por saber que, de tudo que eu tenho feito em prol ao meio ambiente está sendo cada dia mais ameaçado.”
Quando vi a fakenews e a carta, escrita pela ghost writer, só consegui pensar em como a sentença do STF em relação ao caso Lula foi um verdadeiro transtorno para quem é apoiador do governo atual.
“Talvez devido ao que a imagem de Lula represente: um líder carismático, símbolo do poder popular. “
Mas, acredito que o transtorno seja principalmente devido a ameaça da possibilidade de Lula vencer as eleições em 2022, por conta da decisão do STF que anula as condenações de Lula na operação lava jato.
E continuo me perguntando: O que motiva alguém a disseminar calúnias sobre o adversário político se não o simples fato de o desmoralizar na vida pública?
Técnica, inclusive, muito antiga no mundo da política. E ainda: o que faz um líder de Estado terceirizar, a alguém de fora do governo, uma atividade importante para acordos econômicos, como a escrita de uma carta ao novo presidente de uma potência mundial? Acredito que seja pela incapacidade de convencer eloquentemente sobre algo que não se acredita, mas sobretudo pela incompetência política.
Marina Rute Pacheco
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