Coletivo Indra

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A aventura da ciência

VOCÊ JÁ PAROU PARA PENSAR NOS EXTREMOS DO PLANETA?

Digo extremos no sentido de extremidades mesmo: as regiões do polo sul e do polo norte. Conhecidas como Ártico e Antártica. Se é sul ou norte, depende de como convencionamos olhar para o planeta. Há mapas interessantíssimos que invertem o olhar acostumado e colocam o que era norte no sul e vice-versa. Uma ótima proposta para repensarmos alguns preconceitos. Claro, partindo do princípio, que a terra é redonda...

O Ártico aparece no nosso imaginário, a partir de alguns filmes ou documentários antigos, como a região dos esquimós e dos ursos polares. É uma região habitada, estima-se, há mais de 4 mil anos. E uma grande curiosidade, que ilustra a realidade do dia a dia de seus moradores, é que foi criada uma lenda que diz que eles teriam pelo menos nove palavras para nomear a neve. Outros, mais exagerados, afirmam que são quase uma centena de palavras necessárias para dar conta das variações de branco. Hoje já foi comprovado que não é bem assim, mas a lenda persiste e muita gente ainda acredita.

Já a Antártica é o continente mais desconhecido do planeta. E o mais gelado. Não possui população nativa e é povoado por aqueles animaizinhos lindos e curiosos, que já viraram personagens de desenho animado: os pinguins. 

Para nós, brasileiros, acostumados com a presença quase permanente do sol, não é fácil imaginar-se em um desses ambientes. Para visitá-los, seria preciso acostumar-se com baixíssimas temperaturas, ventos fortes e variações climáticas que obrigam a mudanças de planos toda hora.

Assim tem sido com os nossos cientistas da Fiocruz que estão realizando um belíssimo projeto na Antártica. O FIOANTAR. Levam meses planejando suas pesquisas na região e são obrigados a ter um plano B, C, D e até E, pois quem manda na região é mesmo a variável clima. De uma hora para outra tudo pode mudar e aí seguem as aventuras. Seguem, pois já começaram desde a intensa preparação que inclui atividades físicas e técnicas de sobrevivência em regiões inóspitas. Depois, no avião da FAB que os leva até lá, numa viagem totalmente diferente das que estamos acostumados em aviões comerciais. Aviões enormes, sem janelas, barulhentos e que fazem com que os viajantes nem percebam com clareza as manobras como pouso e aterrissagem.

O Brasil já está presente na região desde 1982 com outras instituições e pesquisas e com a logística da Marinha. Como, por exemplo, a do Museu Nacional que a partir de amostras de rochas e outros elementos coletados, concluiu que a região, há milhares de anos, já foi uma exuberante floresta equatorial e tropical.

Agora, a Fundação Oswaldo Cruz também está presente na Antártica, levando um laboratório, pesquisadores e cientistas para lá.

A região vai além dos pinguins: animais marinhos, aves, algas, polens, plantas, microrganismos, água doce, salgada. Uma biodiversidade impressionante. São muitas as fontes de conhecimento que o continente oferece. O foco principal da Fiocruz são os patógenos. Possíveis causadores de doenças ainda desconhecidos, ou já conhecidos que tenham migrado para lá em outros tempos.

O continente também é conhecido por causa da importância para as variações climáticas do planeta. O degelo, resultado do aquecimento global, já pode, inclusive, ser percebido a olho nu por quem está na região. E o que acontece lá é uma previsão do que acontecerá no resto do planeta.

Os cientistas que abraçam esse desafio precisam ter, além da curiosidade que os move, grande resistência e determinação para prever novas doenças e entender como podemos estar preparados para ela. 

Hoje, estamos vivendo a já considerada pandemia de coronavírus. O planeta experimenta o medo do desconhecido. É disso que se trata. Momentos como esse deixam ainda mais evidentes o óbvio, o que o mundo já sabe há muito tempo: a pesquisa, a ciência, precisam de permanente investimento para que possamos estar preparados para desafios como o novo coronavírus. Assim como os sistemas de saúde. Graças ao SUS, o país está preparado para o novo coronavírus. Outros países, sem um potente sistema de saúde como o nosso, sofrerão impactos muito mais graves.  

Há muito o que descobrir, há muito o que conhecer, por isso é preciso encarar os investimentos nas pesquisas e no SUS como prioritários e não como gastos a serem cortados em nome do que quer que seja!

Renato Farias

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Sugestão de entrevistas sobre o assunto:

SALA DE CONVIDADOS

https://www.youtube.com/watch?v=7mXIx-vDnqs

UNIDIVERSIDADE

https://portal.fiocruz.br/video/antartica-unidiversidade

BATE PAPO NA SAÚDE

https://portal.fiocruz.br/video/fiocruz-na-antartica-bate-papo-na-saude