Autoestima x Baixa Autoestima #1

Imagem Internet

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Ultimamente noto com frequência pessoas, tanto próximas quanto distantes, em suas redes sociais digitais ou mesmo em diálogos pessoais comigo, levantando a temática do amor próprio, da autovalorização, de tomadas de consciência que geram um empoderamento de si próprio, entre outros temas que convergem em algum momento. Diante dos muitos discursos sobre, venho propor que falemos sobre autoestima a partir do olhar da psicologia, tal como o conceito de autoestima, de que forma esta se estabelece, como nos influencia, bem como possíveis recursos para a nutrição de uma autoestima saudável. A pretensão inicial será dividir esse tema em algumas series de textos. 

 COMEÇO POR CONCEITUAR AUTOESTIMA E COMO ESTA SE CONSTITUI NO SELF DE UM SER.

Como o próprio nome sugere, trata-se do afeto destinado ou cultivado acerca de nós mesmos. Autoestima é a consequente forma como o indivíduo mantém contato consigo a partir do modo como se percebe; a imagem que cria de si próprio; a forma como se concebe em termos de sentimentos e pensamentos. Essa Imagem/sentimento/pensamento será geradora do modo como estabelece relação consigo e com o outro, podendo ser saudável ou disfuncional, revelando assim uma auto ou baixa autoestima. Em algumas literaturas nota-se a classificação da autoestima como atribuição da eficácia e valor pessoal, quanto mais estes (eficácia e valor pessoal) forem presentes, mais autoconfiança será possível sentir, outras literaturas diferenciam autoconceito e autoestima, sendo o primeiro a percepção de si e o segundo o valor que se consegue perceber de si próprio.

 Para mim, os conceitos mantém relações diretas, se retro alimentando, concordando que a experiência de construção partirá do contato com o entorno, possibilitando imagens e valores acerca de si de tal forma que poderão ser internalizados de forma positiva proporcionando sensações de valoração e carinho por si, ou negativa proporcionando sensações de incapacidade, não reconhecimento pessoal; ambos com infinidades de sensações e essas não necessariamente serão condizentes com as capacidades que de fato um ser pode carregar. Em geral não são, citarei um exemplo mais adiante do texto.

 O conceito sobre si próprio é constituído por experiências ao longo da vida, e assim conseguinte, mas é sobretudo no período da infância, por meio das informações que colhemos sobre nós e que, sem filtros, introjetamos, por meio de comentários, experiências onde nos sentimos validadas em nossas necessidades, na forma como somos escutadas e atendidas pelos que nos cercam, nossas genitoras, cuidadores, família e pessoas que tenha algum valor para nós naquele momento. O modo como nossas habilidades são reconhecidas e de que forma nossas limitações são tratadas. É um momento onde estabelecer a fronteira entre o outro e o eu não é exatamente possível, pois esse eu ainda está em construção e altamente dependente de um outro para sua existência.

A FORMA COMO AS SINGULARIDADES SÃO RESPEITADAS ACARRETA NA DIRETA CONSTRUÇÃO DA ESTIMA POR SI PRÓPRIA.

É aqui nesse ponto que quero trazer o exemplo aludido anteriormente, exemplo esse também na forma de indagação, quando falamos de respeitar as singularidades. De que forma pessoas pretas, pobres ou mesmo mulheres tem suas singularidades respeitadas posto que “já existe” um conjunto de valores pré-determinados a estas? Ou seja, como uma pessoa que, por nascer sob determinadas condições, constrói um conceito e sentimento sobre si própria se a sociedade já estabelece um conceito de quem são tais pessoas?

Irei me ater ao que cabe a psicologia e não entrarei nas pautas citadas, sobretudo na racial no sentido de não falar por estas pessoas, por reconhecer meu lugar como mulher branca, mesmo de classe social econômica oriunda de família pobre, pois sei de meus privilégios enquanto branca. Sei também que posso dialogar sobre a partir de meu lugar, porém não é esse o objetivo desse texto, entretanto reconheci como cabendo o questionamento para que possamos nos perguntar de onde tem vindo os valores que internalizamos acerca de nós mesmas.

Sigamos, pois, cheias de indagações ao nosso seguinte encontro!

Jessica Santos

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