Crianças e seus medos
Antigamente nos assustavam com simples histórias de medo: Lobo mau, Boi da Cara Preta, Homem do saco; a Bruxa malvada; escuro; fantasma; e outras coisas mais. Nossa imaginação fervia, em idade que não tínhamos controle sobre o medo. É normal que a criança dos três aos cinco anos, possa se tornar vítima de sua própria imaginação. Ao olhar uma roupa pendurada no quarto, ao ver um boneco sentado à noite em sua cama, um barulho; transformar aquilo em algo real e sair para o quarto dos pais, motivo pelo qual a porta dos pais não deve ser chaveada, para não despertar pânico na criança.
Nessa idade as crianças já aprendem que algumas coisas podem lhes fazer mal, mas ainda não têm certeza que coisas são essas, então sua mente fervilha de histórias assustadoras. Hoje estas histórias que escuto no consultório são as mais modernas: Loura do bacio, Maria sangrenta, Chuck o palhaço assustador e atualmente a Momo. Essas histórias abrem discussão para temas sobrenaturais, como gatilho para fobias assustadoras que tiram o sono das crianças e atormentam suas vidas. A Momo atualmente é o pânico da internet, que se espalha facilmente , pois, hoje o acesso a internet é comum nas crianças através do uso de celulares e tablets. Antigamente os amigos mais velhos da escola gostavam de aterrorizar os menores com estas histórias.
O medo de trovão, do escuro, de monstros, ou de dormir sozinhos são naturais e devem passar conforme a criança cresce e amadurece emocionalmente. O papel dos pais é fundamental para facilitar este processo ou transformá-lo em um trauma difícil de superar. Os pais devem oferecer segurança à criança e respeitar o temor que ela manifesta, não subestimando seus medos : desmoralizar a criança só piora a situação.
As vezes é necessário a ajuda de um terapeuta para retirada do trauma, que vai envolvendo toda a família. Há também outras terapias como o reiki, apometria, aromaterapia, homeopatia, para ajudar neste processo de dessensibilizar nossos pequenos . Contar histórias, por exemplo, pode funcionar, a noite antes de dormir, para lhes dar uma imagem diferente, que poderá se cristalizar na mente, e ressignificar aquele medo.
Sabemos que nem todas as crianças se impressionam com estas histórias, mas, tenho observado que, quando isto acontece ficam muito transtornadas. Num ímpeto todos falam que é besteira, que estas coisas não existem, assim como as figuras dos filmes são irreais. “Monstro não existe , falo eu: na minha cassa não moram porque não deixo entrar”; e eles me olham desconfiada. Falo que ninguém vai lhes fazer mal; que seus pais estão ali para lhes proteger. Nestes casos vejo que não funciona, este medo se cristalizou e vamos precisar de ajuda. Eles querem dormir com os pais para se sentirem protegidos. Mas quanto mais rápido esta ajuda acontecer, mais fácil se torna a cura destes pequenos seres assustados.
Hayde Haviaras
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Existe um livro interessante que pode ajudar: Histórias Curativas Para Comportamentos Desafiadores", de Susan Perrow, ed. Antroposofica.