Eu também, filho…
Hoje acordei pensando nas minhas escolhas. Nos caminhos percorridos, nos que ainda desejo percorrer. Pensei nas vitórias nos fracassos, nos retrocessos e avanços. São muitos os caminhos e escolhas e possibilidades. De muitas me orgulho, de outras, nem tanto, mas de quase nenhuma me arrependo pois todas elas, para o bem ou para o mal, me trouxeram aonde me encontro agora. E isso é bom.
Mas uma dessas escolhas foi talvez a mais determinante para mim: a maternidade.
Foi muito planejada. Já estava casada a 7 anos quando decidimos dar esse passo. Colocamos condições para que ele acontecesse, nos preparamos e nos projetamos nessa possibilidade. E falando por mim (pois só posso falar por essa perspectiva) a decisão estava tomada, mas a insegurança ainda persistia. Me fazia constantemente a pergunta: eu quero ser mãe porque quero ou porque já tenho 33 anos e a sociedade diz que eu preciso exercer essa função? Esse desejo é meu ou me é imposto? Eu não conseguia encontrar respostas para essa pergunta. Mas seguia o fluxo da escolha feita acreditando na intuição do desejo.
A barriga cresceu, o corpo mudou – e continua mudado até hoje rrs – e junto com a alegria de ver a barriga mexendo, de saber que tinha uma vidinha crescendo dentro de mim, tinha também a dúvida: será que é isso mesmo que eu quero? Será que fiz a escolha certa? E o pior é que não é o tipo de questão que você encontra com tranquilidade uma escuta sensível e não crítica com quem dividir. Então a gente passa nove meses carregando a dúvida e a culpa por ter tal dúvida.
E aí chega o nascimento, e nos deparamos com o não conto de fadas, ou seja, todos aqueles transtornos que ninguém te conta. Que você sabe que existe, mas uma coisa é saber outra bem diferente é viver. O tão sonhado parto normal não vai poder ser feito. Aí vem uma cesárea, que é uma cirurgia; pontos troca de curativos, dores ao tossir, espirrar, levantar. Medo de não dar conta, de dar banho, do umbigo que vai cair, a dor imensa das primeiras mamadas (no primeiro momento a amamentação não tem nada de lindo). Você não dorme, ou come, ou toma banho mais quando quer, como quer. Sente falta de si mesma e a pergunta vem de novo: será que eu fiz a escolha certa?
Então, aqueles assombros do primeiro mergulho sem saber nadar vai passando. Você começa “a boiar” e a perceber as coisas boas e aí sim começa a curtir o mergulho.
Um dia você coloca o seu bebê no espaço da sala, sobre a mesa para pegar sol e percebe aqueles olhinhos te mirando como que agradecendo por tudo e por tanto. Como se compreendesse todo o seu medo e insegurança e de alguma forma te dissesse: “ ta tudo certo! Você ta indo bem! Eu sei que é difícil mas vamos juntos”.
Hoje minha escolha, com 11 anos, quase do meu tamanho, me surpreende dizendo que ainda bem que quando estava no mundo espiritual me escolheu pra ser sua mãe. Diz que não podia ter feito escolha melhor. “mamãe, você é a melhor mãe do mundo”. E eu digo pra ele “mas eu sou tão chata, e dou muita bronca, sou um tanto ogra” e ele responde “mas é por isso que você é a melhor, porque não é perfeita. É isso que te faz a melhor! Eu fiz a melhor escolha”
Eu também, filho...
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