Por favor, não distorçam os fatos
Faz um tempo que eu me abstenho de escrever sobre a ineficiência do nosso país no controle da pandemia do COVID-19.
Nosso presidente continua se munindo de informações falsas, as conhecidas fake News, para justificar posicionamentos que, diretamente, permitem a permanência e propagação do vírus em território nacional. Mesmo que venha a ser desmentido posteriormente, o caos já está instalado e algumas pessoas, seguidores obviamente, consideram a mentira como uma verdade.
Então ficamos rodando em círculos, tentando elucidar alguns pontos, muitas vezes sem sucesso.
Em colunas anteriores, eu falei um pouco sobre os tipos de vacina e agora enfatizarei três tipos de vacinas para COVID-19 desenvolvidas até o momento:
1. Vacina desenvolvida por organismos mortos: são aquelas em que o micro-organismo foi inativado, o que significa que ele não pode causar a doença, entretanto, pode estimular o sistema imunológico do indivíduo, principalmente porque o antígeno é associado a um adjuvante. Normalmente o tipo de resposta gerada é humoral. Um exemplo desta vacina é a Coronavac;
2. Vacina de mRNA: este tipo de vacina utiliza o RNA mensageiro do agente, que é a base para o processo de tradução (produção de proteína). As proteínas utilizadas vão estimular a construção de uma resposta imune. Vacinas como a da Pfizer e Moderna são exemplos de vacina de mRNA. Só para deixar claro, o processo de tradução ocorre fora do núcleo celular e em hipótese nenhuma é baseado na possibilidade de incorporação e modificação do nosso material genético;
3. Vacina de vetor viral: Este tipo de vacina utilizar um outro tipo de vírus associado a uma proteína do nosso agente de interesse para induzir uma resposta imune. Vale lembrar que a proteína do agente, por si só, não é capaz de causar a doença. As vacinas Astrazeneca, Sputnik, Janssen e CanSino usam vetor viral.
Metodologias diferentes conferem proteções diferentes, com desenvolvimento de tipos de respostas diferente, flutuando entre resposta humoral e celular. Vacinas com uso de vetor viral, por exemplo, desenvolvem uma resposta humoral e celular, com maior durabilidade, entretanto, geram mais efeitos adversos.
Já as vacinas feitas com organismos mortos, como a Coronavac, estimulam exclusivamente uma resposta humoral, e tem efeitos adversos mais brandos.
Entretanto, vale lembrar que independente do tipo de antígeno utilizado, nenhuma vacina é 100%.
Então, claro que uma pessoa vacinada tem chance de contrair a doença, mas quando comparada as pessoas não vacinadas essa chance é bem, bem menor. Além disso, é importante entender que, para considerarmos o efeito rebanho esperado pela vacinação, é preciso ter uma cobertura vacinal mínima, o que ainda não temos.
Portanto, é necessário sim a adoção, de forma complementar, das demais medidas como o distanciamento social, uso de mascaras e de álcool em gel.
Então, queria enfatizar, por mais que pareça ilógica a necessidade – eu imaginei que neste momento de pandemia já teríamos muito claro – que o fato de mantermos as demais medidas de proteção não significa que não confiamos na vacina, mas que sabemos da sua limitação. Posso afirmar que, quando identificamos, aceitamos e consideramos as limitações, temos mais clareza de até onde poderíamos ir.
Por favor, não distorçam os fatos. Não escutem quem não tem propriedade. E não somente escutem quem tem. Leiam. Estudem. Fortaleçam o seu pensamento crítico.
Continuem usando máscara.
Respeitem o distanciamento social.
Não aglomerem.
Não façam pouco das medidas preconizadas.
Eu preciso.
Você precisa.
Os seus precisam.
Todos precisam.
Abraço
Rafaella Albuquerque
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