Coletivo Indra

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POR QUE NOS TORNAMOS VEGANAS E FEMINISTAS?

O especismo é um discurso moral e político para exploração de outras espécies de humanos por não humanos, estratégia similar utilizada pelo sexismo e racismo e exatamente por isso nos tornamos veganas. O documentário “Cowspiracy” dirigido por Leonardo DiCaprio, mostra como algumas ONGS caem na armadilha de tentar lutar pela libertação animal, se tornando parte do capitalismo, quando na realidade o veganismo em sua essência deve parte da luta contra esse sistema, sendo isso que nós feministas veganas acreditamos.

Entretanto, ao falar de veganismo como um movimento político é necessário contextualizá-lo historicamente e refletir quais as mudanças sociais precisamos ter para mudar a dominação do humano sobre o não humano. 

A sociedade neoliberal, além de explorar mão de obra, explora os animais para a produção do capital. Como feministas veganas, a exploração do animal é também uma luta contra o liberalismo e a defesa de humanos e não humanos.

A exploração de humanos e não humanos por humanos (homens) é explicada a partir da dualidade natureza x cultura: na sociedade capitalista o social, cultural é uma demarcação de status superior daqueles que estão mais “perto” “integrado” com a natureza, como as mulheres, povos originários, quilombolas.

O homem branco é considerado o social, político e mais "próximo" da “humanidade” através da intelectualidade e da razão. Ocupa um lugar de superioridade em relação às mulheres, vistas como seres mais próximos do estado natural, seres emocionais e mais intuitivos. 

O pensamento dualista cultura x natureza também foi utilizado para retirar a humanidade de pessoas e as explorarem, negando a sua humanidade e colocando como seres inferiores, argumento manipulado para justificar a escravização da população negra, assim como o racismo, que até os dias atuais se instrumentaliza desse discurso para justificar chacinas, necropolíticas contra a população negra.

Da mesma maneira  o genocídio, etnocídio de povos originários foram explicados por esse pensamento, ao serem considerados “primitivos” “selvagens” não civilizados a colonização, se tornando assim um salvamento dessas almas, sendo a colonização existente até os dias atuais, com ocupações de suas terras por mineradoras, agronegócio, garimpeiros, madeireiros e a perseguição política de lideranças indígenas.

Militantes do movimento sufragista, conhecido pela luta de mulheres ao direito ao voto e a participação feminina nos debates públicos,  já se abstinham  do consumo de carne como meio de negar a tradição patriarcal ocidental nos hábitos alimentares, pois essa mulheres observaram que a carne, para o homem, tinha como significado a construção do seu :

“Eu” social, enquanto que a alimentação da mulher por um longo período na história ficou restrita aos vegetais, frutas, raízes, a ligando ao “natural” e consequente a uma visão de inferioridade.

O que essas mulheres pretendiam era justamente romper com as barreiras do social x natural, uma luta contra esse dualismo que serve a uma determinada "humanidade''. 

Como veganas e feministas, repudiamos a cooptação do neoliberalismo sobre o veganismo e outros movimentos sociais e lutas minoritárias, para vender produtos ou ideologias. Podemos citar como empresas estão transformando posicionamento político em nicho de mercado quando exploram animais e lançam produtos veganos para atender um determinado público; a exploração de humanos e não humanos por parte dessas empresas não terminaram com os novos produtos veganos lançados para alcançar um determinado público, por exemplo, um hamburguer vegano da Sadia.

Para o veganismo político não basta apenas “criar” produtos e “venderem” uma causa, é necessário abolir a exploração dos não humanos e humanos.

O Estado de Israel é um bom exemplo de como a cooptação de uma luta política pode servir a uma ideologia. Israel se reivindica como o “país mais democrático da região” e “amigo vegano”, onde seu exército possui opções veganas na alimentação e no vestuário, enquanto promove a colonização dos palestinos, matando humanos e não-humanos. 

Nos posicionamos contra o Sionismo que até hoje promove apartheid, genocídio do povo palestino.

E, assim como o veganismo que possui táticas de boicotes às empresas que promovem exploração e maus tratos a animais, apoiamos o Boicote, desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel,  que se trata de uma atitude política coletiva para que pessoas não  comprem produtos de empresas sionistas, façam boicote  às instituições, empresas que se relacionam com o Estado Sionista, como a PUMA. E também cobrem de artistas e políticos um posicionamento como, por exemplo, não participando de eventos, shows em Israel.

Dessa maneira, a nossa escolha pelo feminismo vegano é anti-imperialistas e contra toda forma de exploração que promove exploração a humanos e não humanos.

Entendemos que para acabar com o especismo é necessário  lutar contra todas as formas de exploração, lutando contra  o racismo, o patriarcalismo, a LGBTfobia, contra exploração dos animais e por direitos de povos originários, quilombolas, palestinos e  que isso só se dá através da consciência de classe, se opondo ao neoliberalismo e com a auto organização, seja em coletivos ou outras organizações políticas, só através de ação direta e da derrubada do nosso sistema atual, acabaremos com a exploração humana e não humana.

Aqui fazemos um chamado, se organizem!

Nós fazemos parte da União Vegana Feminista (@uniaovfeminista) e te convidamos para saber mais sobre veganismo político, popular e para conhecer nossa luta melhor.

Maiara Diana Amaral Pereira

Nicoly de Sousa Alves

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