Vai ter resistência

Letreiro de Ana Lira

Letreiro de Ana Lira

O que vai sobrar de nós, quando a próxima semana acabar? Éramos celebres, prósperos e felizes. Ou nunca fomos? Quanto ainda falta para essa poeira baixar e a gente se livrar dessa sujeira que não passa? É só o regime político que está com problemas ou é a nossa vida? É preciso nos defendermos.

Não estamos a salvo em lugar nenhum, principalmente quando acreditamos que nada tem a ver conosco. É preciso estar de olho. Querem tirar o direito de que ainda possamos nos alimentar, nos vestir e sermos felizes.

Querem acabar com os sonhos de quem tem esperança de ver a vida melhorar. Que o nosso povo não tenha mais brilho no olhar.

Todos vão ser consumidos se perdermos a capacidade de resistir. Daqui a pouco é muito tempo para nos darmos conta de tudo o que já foi perdido: de quanto morreu e de quanto mataram. Nós todos estamos perdendo. Comer, é ter sorte. Beber, é ter sorte. Querem nos alimentar de ódio e de raiva.

É nessa mesa cheia que se consome o mal. É esse sorriso tolo que tem o som da morte. Não se trata de dizer quem está certo ou quem está errado, mas quem ainda quer ficar de pé. Quem quer ser respeitado e poder olhar de frente o futuro, sem cobrir os olhos por causa dessa fumaça que jogaram na gente.

Quem não quer mais apanhar porque saiu na rua, de mão dada, abraço apertado ou vestido de pele.   

Os ratos vão sair. E nós estaremos de pé. Porque é nosso dever resistir ao máximo. A toda dor, a todo medo e a todo desengano. A gente não deixa ninguém pra trás. E enfrenta de cabeça erguida o que vem. Mas é preciso estar atento.

As armas deles são de ferro e o golpe é quando menos se espera. Não se trata só de achar que tanto faz. Que tanto faz democracia e voto. Que isso não muda nada. Porque a política é mais que isso. Acender a luz é um ato político. Cozinhar é um ato político. Vacina no braço é um ato político.

Quem morre e quem vive é político. Por isso a gente precisa continuar de pé, dizendo que não é pra ninguém morrer. Velho, novo, adulto, árvore ou cachorro. A gente vai resistir. Por todo mundo que já foi e por todo mundo que ainda virá. Porque a gente sabe que faz diferença.

É nosso dever acabar com essa poeira e buscar nossa felicidade. Ninguém quer deixar ser tomado. Ninguém quer continuar perdendo o que é nosso. Nossas cores, nossas memórias e nossos símbolos. Nesses tempos infames, nós permaneceremos em pé.

Dia 07 de setembro, nós continuaremos resistindo. E depois. E depois. Continuaremos.

Arthur Spada

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