Você me “aceita”?
Vira e mexe a gente se depara com falas e publicações assim:
“Eu não concordo, mas respeito”;
“Eu aceito você”; “tudo bem, mas longe de mim”;
“É a minha opinião”; “isso vai contra meus valores”;
“Isso é só uma fase”, “família é composta por um homem e uma mulher e seus filhos” ...
Todos nós já ouvimos algumas centenas de vezes algumas dessas frases, também a forma que falam do nosso andar, como nos vestimos, falamos, essas pequenas agressões são diárias, aprendemos a conviver com elas e mesmo assim não dói menos.
O que eles não percebem ou não querem perceber é que a minha existência não é uma questão de opinião; eu não preciso que ninguém me tolere; não estou em busca de aceitação social; que também sou constituída de valor e que não preciso de permissão para ser como sou.
Essa retórica, na verdade, só reforça a posição hierarquicamente inferior que nos é imposta socialmente, sendo esperada a aceitação daqueles que estão no topo, para que então tenhamos o aval para ser.
A palavra-chave aqui é RESPEITO.
A sua autonomia, liberdade de expressão, convicção religiosa e moral não tem o poder de me recusar, de me rejeitar, de me agredir e de negar a minha vivência.
Por isso, o que eu exijo é respeito, na horizontal, e não um ato imperativo de cima para baixo que confirma que você me aceita e então eu estou “nos conformes” de seus padrões.
Muito disso guarda relação direta com os ditos “valores” e “concepções”.
Por que nos enxergam como diferentes? É porque não vivemos de acordo com os preceitos tradicionais? Mas quem foi que inventou essa tradição e a impôs como verdadeira e universal?
O que eu tenho certeza é que essas pessoas que me enxergam dessa forma não sabem muito bem a razão ou quais os motivos que as levaram a ter essas concepções.
Acontece que o fato de alguém não enxergar valores em nós, retirando mais um pouquinho da nossa humanidade, é justamente o que causa aquilo que estamos fartos de tratar... a violência e a marginalização dos nossos.
E sobre isso eu já estou farta de escrever... só fica aqui o apelo, uma última vez, ao respeito.
Fernanda Darcie
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