A Arte salva! Mas quem salva os artistas?

Na foto a atriz Clodd Dias (Clôdy) | Foto Arô Ribeiro - Okê

Na foto a atriz Clodd Dias (Clôdy) | Foto Arô Ribeiro - Okê

Acredito ter lido/visto essa frase em alguma pichação por aí.

Aliás as pichações parecem previsões nostradâmicas, ao menos pra mim. Lembro de algumas em especial. Uma lá de Santo Ângelo (RS) minha Terra Natal que dizia “âte mulheraredo”..Nunca entendi isso e achava até estranho. Fiz mil teorias da conspiração sobre. Sigo sem saber o que é. Hoje penso ser algo feminista, transfeminista. E fico feliz.

Outra que me lembra coisas boas, é uma aqui de Porto Alegre onde vivo atualmente: “Enquanto te exploram, você grita gol”. A força desse pixo me veio como um soco e virou um mantra em mim, para mim. No Rio vi uma que dizia “não fui eu”. E essa em especial me veio como uma explosão mental quando essa pandemia foi anunciada. Porque todo mundo reclamava, falava mal procurava um culpado como se estivesse falando isso: “Não fui eu”. Nostradâmica.

A arte está nos salvando sim.

Somos nós artistas que estamos distraindo crianças, a arte do livro de colorir que faz passar o tempo. A musica do karaokê virtual, aí que tu canta “evidencias”, também é arte. Os livros que você lê pra passar o tempo são arte escrita. Os vídeos engraçados, os vídeos tristes, as correntes cheias de bichinhos ou e até fake News são arte ( uma arte naquele sentido que nossas vovós nos falavam- “Já tá fazendo arte, seu arteiro?”).

Tá aí. Os vovós e vovós maiores alvos de tudo isso estão fazendo arte a sua moda. Tentando demonstrar autonomia. Eles nunca estiveram em tanto destaque, agora que são grupos de risco. Talvez muitos de nós nem lembrasse da existência deles nos asilos, nas ruas ou dentro de suas próprias casa. Agora eles fazem “arte” trançando pernas nas ruas. Culpa sua que não deu atenção quando merecia. Agora quer dar lição de moral.

Artistas como eu fazem e nem pensam.  

Eu até abstraio o meu aluguel, o meu cartão a pagar, as contas de água luz, a geladeira que dia a dia parece uma boîte ( só luz e fumaça). Venho pra internet pra fazer poesia musica e arte. O amanhã é incerto, mas me diga, pra nós artistas quando ele foi certeza? É sempre muito aplauso e pouco soldo. Sempre! Somos os loucos desvairados e sem noção. Mas cheios de amor e contas. A gente dá o que tem. Vocês recebem o que precisam e devolvem se puder. Mas não esqueçam: Precisamos pagar nossas contas, também. Todos precisam. O mundo deixa bem enegrecido que, ninguém é melhor que ninguém e que estamos todos no mesmo barco, remar junto é a melhor solução, que tal tentarmos?

A arte salva, mas quem salva os artistas?

E esse “bando de doidos”, trabalhando pra colocar um pouco de sanidade na vida de hoje. Artistas a sua maneira. Enfermeiros, médicos, profissionais da saúde eles não tem outra opção: ou nos salvam ou nos salvam, e você faz o que?  Ri, faz piada, ignora, tripudia. Sai pra rua, dissemina besteiras...

Quanto aos pichos lá do início do texto deixo vocês com um que fala sobre loucos: “Ser louco é coisa mais sensata”. Mas veja bem...paremos já de chamar de loucos pessoas com muita sanidade mental e discernimento, mais pouca noção. Temos um exemplo disso (não vou dar nome porque não se dá luz pra exú) de um que de louco nada tem, só maldade mesmo. Idiotice e tosquice.

Se ajudem, nos ajudem, sejam loucos e se amem. Não sejam idiotas, não coloquem outras pessoas em risco. Não seja idiota. Como diz Negra Anastácia no livro “Ilustre”: - “louco pode ser tudo menos idiota”.

Valéria Barcellos

Instagram @valeriabarcellosoficial