A RETOMADA TEATRAL E O SUS

Graças à ciência, graças à vacina, graças ao SUS, estamos de volta!

Dois anos depois de termos fechados as portas, o teatro, pouco a pouco, vai remontando trabalhos, retomando espaços, reencontrando seu público.

Dissemos, no início da pandemia, que fomos os primeiros a parar e seríamos os últimos a voltar. A pandemia não acabou, mas o sucesso da vacinação já permite que voltemos às salas de espetáculo.

Um país tão vilipendiado como o nosso precisa se reconstruir e a cultura pode ser o principal combustível dessa reconstrução. Através do investimento nas diversas manifestações culturais, abriremos espaço para a alegria, para o bom debate, para a expansão da alma. E isso será fundamental daqui para a frente.

Voltar à sala de ensaio é um mix de emoções que, num primeiro momento desestabiliza, mas que logo reenergiza os artistas e seus trabalhos. Essa energia renovada saberá circular pela plateia e, novamente, realimentar os artistas, que, por sua vez, saberão devolver ao público uma força vital de reconstrução para essa retomada.

Mas há algo na palavra retomada que merece cuidado. Não queremos voltar para onde estávamos. Queremos um mundo melhor, mais equânime. Mesmo que as ilusões, que alguns alimentamos no início da pandemia, de que os seres humanos aprenderiam uma importante lição, tenham se dissipado.

Quando vimos os rápidos sinais de renovação e vitalidade que a natureza deu quando foi momentaneamente deixada em paz, pensamos que isso bastaria para conscientizar as pessoas.

Afinal, bastou ser minimamente respeitada pela diminuição da exploração voraz do capitalismo brutal, para que o meio ambiente nos presenteasse com imagens de farta beleza e poesia natural. Mas, infelizmente, a ganância venceu.

Hoje, encaramos a crua realidade de um mundo em crescente conflito em nome de mais dinheiro e de mais poder, e de um país que desperdiçou não só milhares de vidas, como perdeu a oportunidade de investir na potência de um sistema de saúde que, se bem gerido nacionalmente, poderia ter dado uma resposta exemplar à pandemia. Uma resposta que, certamente, seria aplaudida e copiada pelo resto do mundo, como acontece com o SUS desde sua criação. 

Mesmo assim, o esforço dos sanitaristas, pesquisadores e trabalhadores da saúde pública de cada município desse país, conseguiu diminuir o estrago dos negacionistas de dentro e de fora  do poder. Mais uma demonstração de que o Sistema Único de Saúde é a melhor e mais inclusiva política pública que conhecemos.

Comecei falando de teatro e fechei a coluna falando de SUS. Deve ser porque são meus dois maiores amores. E penso que são duas coisas que estão e estarão sempre relacionadas pela potência de amor ao humano que encerram.

Por isso, convido: defenda  o SUS e vá ao teatro!

Renato Farias

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