Alimentação saudável faz parte da educação!

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Quem é responsável pela boa  alimentação dos filho? Alguns pacientes se ofendem quando vão ao endocrinologista e recebem a pergunta: Quem faz as compras de alimentos da sua casa? Isso é uma realidade : seu filho come o alimento que é oferecido na sua casa, na sua escola, na casa das avós e família.

Hipócrates, o pai da Medicina em seus Aforismos falava:

“Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio.”

Minha geração de mães e Pediatras, não alimentaram corretamente seus filhos. O estilo de vida com mães trabalhando fora, com a chegada dos industrializados nas gôndolas do supermercado, a facilidade para preparar lanches escolares e substituir alimentos industrializados nas merendas , necessitando lanches rápidos, gerou um erro alimentar na geração de 35 a 40 anos de hoje. Com isso repercutiu no estado nutricional quando crianças e adolescentes e reflete em suas vidas adultas. Tornou a população esta geração mais susceptível a obesidade, diabetes, alergias (inclusive glúten e lactose), artrites e outras doenças mais modernas. Lembro-me do lançamento do suco de soja que foi aceito como uma maravilha (naquela época nem era transgênica). Uma delícia, bem docinho! Peço perdão aos filhos e pacientes , porque o livro de pediatria ensinava a fazer mucilagem de leite com farinha para os bebes.

Então o foco da prevenção foi a alimentação saudável. De certa maneira os idosos de hoje estiveram perto dela em suas vidas, por não terem açúcar refinado há muitos anos atrás e nosso trigo não era contaminado. Nossos alimentos vinham do “sítio” onde não usavam agrotóxico. O leite se esperava na fila da leiteria com garrafa de vidro, direto da vaca. Faziam a feira mais tranquilos e compravam alimentos mais saudáveis. Hoje quando penso que em cima de cada alimento tem quantidades inadequadas de agrotóxicos, não sei o que é melhor: Comer ou não comer?

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Então a Sociedade Brasileira de Pediatria através de seu departamento científico de nutrologia, para prevenir efeitos indesejáveis, adotou medidas para alimentação na infância que inclui:

  • amamentação exclusiva até 6 meses

  • introdução da alimentação no sexto mês sem açúcar ou sal

  • abolir os industrializados e refrigerantes

  • não introduzir açúcar refinado até os dois anos

  • buscar o equilíbrio entre quantidade e qualidade.

  • nas crianças maiores estimular o esporte e combater o sedentarismo

Até dois anos de idade, com raras excessões (nos casos de anorexia psicogênica), as crianças estabelecem seu paladar e depois chegam, perto de 3 anos, a manifestar aversão alguns alimentos que antes aceitavam.  A solução é continuar colocando no prato e não desistir nunca. Se uma criança recusa determinado alimento importante para seu desenvolvimento, use a criatividade e incorpore ele numa refeição. Não desanime com uma primeira reação negativa. Por exemplo: se não come cenoura use esta para fazer o molho da carne, use o espinafre no omelete, ou num refogado. Use o abacate com a banana para “adoçar” o abacate que nossos pais nos ofereciam com açúcar e limão.

Fica mais difícil para as crianças que vão á escola precocemente, pois terão contato com alimentos que não faziam parte de sua refeição, como bolos e bolachas, doces, balas que tem alto valor calórico e baixo valor energético. E pode vir a perverter o paladar da criança que nunca teve contato com o açúcar, os olhinhos reviram! Chocolate então é o veneno! Por isso é importante que os pais na escola conversem com nutricionistas para fornecer um cardápio mais saudável e diversificado, valorizando mais as frutas e legumes e cereais. Isto já fornece açúcar e calorias saudáveis. É impressionante o relato das mães que nunca deram nada com açúcar e a criança fica deslumbrada quando em contato com a substância dos prazeres.  

Precisamos lutar também com alguns familiares que pensam que a criança sofre por não comer estas guloseimas: mas eles nunca provaram! Principalmente adultos que comem erradamente e acham que podem levar seus filhos para o “mac lanche feliz”.

Hoje o trabalho dos pediatras e nutricionistas é árduo, mas fico feliz porque existe uma consciência e um esforço maior de meus pacientes para esta alimentação saudável, inclusive mudando hábitos alimentares dos pais por conta da melhora de qualidade de vida, e pelo exemplo que terão que dar em casa.

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Vejo mais famílias e escolas  comprometidas com este paradigma da alimentação saudável. Falo sempre que isto faz parte da responsabilidade de educar, que é uma grande responsabilidade depois que você tem seu filho. Desse modo a família fornece o campo de aprendizagem, na qual a alimentação se torna um foco de interação entre pais e filhos.

Sabemos que pais e avós, padrinhos e tios, são exemplos e devem proporcionar um direcionamento sem alimentos em excesso e de baixa qualidade, e estímulo a exercícios com os pequenos; passeios de bicicleta, caminhar na praia ou parque. Pais sedentários e que comem em excesso, estão dando exemplo errado a seus filhos.

Hoje temos nutricionistas para orientar os cardápios infantis e a própria internet fornece receitas deliciosas para os bebes, isentas de açúcar.

Lembre-se criança com fome COME! Por isso nunca substitua uma refeição por mamadeiras ou alimentos fora do contexto, como bolos, sanduíches, bolachas. Estes alimentos saciarão a fome, mas não são nutritivos.

Só não alimenta corretamente seu filho, quem estiver na comodidade. Tudo que se quer melhorar, exige foco e determinação.

Alimentação saudável faz parte da educação!

Hayde Haviaras

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