BOLSONARO E O POPULISMO DE DIREITA
Com certeza você já deve ter ouvido falar no termo presidencialismo de coalizão. Se não, sem problemas, te explico: é um conceito para nomear a política em países multipartidários como o Brasil. É como se o termo referisse ao famoso toma lá da cá. Ou seja, o poder Executivo e Legislativo cooperam com acordos entre os partidos e seus líderes a fim de unir forças para aprovar políticas, mesmo tendo interesses divergentes.
Ora, o que isso tem haver com Bolsonaro?
Tudo! Observe: mesmo se elegendo pelo partido nanico PSL (Partido Social Liberal), a sua campanha eleitoral ajudou a eleger boa parte do legislativo transformando o PSL na segunda maior bancada da câmara dos deputados federais, atrás apenas do PT (Partido dos Trabalhadores). Isso quer dizer que o PSL era um partido inexpressivo (até 2014 tinha eleito apenas um deputado).
Mas tudo mudou para o PSL com as eleições de 2018, quando elegeu 52 deputados federais. E mais, naquele ano, o partido reelegeu Eduardo Bolsonaro com mais de 1,8 milhões de votos – um recorde eleitoral.
Após se desfiliar do PSL em 2019, Jair Bolsonaro, se esforçou para criar sua própria legenda partidária Aliança pelo Brasil, mas (para nosso alívio) não teve sucesso. Bolsonaro governou boa parte do seu mandato sem filiação a qualquer partido. Como um bom populista de direita é, Bolsonaro tentou fugir do presidencialismo de coalizão a todo o custo.
Mas o pobre coitado se esqueceu que o nosso tipo de presidencialismo independe da vontade dele. É assim porque temos leis e regras que formam o nosso presidencialismo como parecido com tantos outros no mundo.
Até a semana passada tinhamos a sensação que o presidente iria se filiar ao PL (Partido Liberal) e que seria o candidato das eleições de 2022 pelo partido.
Mas, após uma briga entre Jair Bolsonaro e o líder do PL, Valdemar da Costa Neto, no dia 14 de novembro, domingo passado, houve a suspensão da filiação. A troca de insultos via aplicativo de mensagem no domingo passado foi desde você pode ser presidente da República, mas quem manda no PL sou eu, até uma resposta super elegante do atual presidente da república: vá tomar naquele lugar.
A briga começou quando a notícia de sua filiação no PL repercutiu mal nas suas redes sociais.
Ora, é óbvio que seu eleitorado, atraido pela caça às bruxas do mensalão, da lava jato e de tantas outras operações anti corrupção, iria olhar com desconfiança para o “casamento” (como ele gosta de chamar). Costa Neto que já foi condenado por corrupção e certamente entra em contradição com a imagem que atualmente o presidente se esforça muito para conservar – mas que só não enxerga quem não quer.
Além disso, o personalismo crônico é evidente quando Jair Bolsonaro, durante a negociação, exige controle do partido (inclusive financeiro).
Notem que na política populista a vontade do lider está acima dos interesses do partido, de corpo técnico, e de qualquer racionalidade política. A política do improviso marca sua gestão, assim como o seu carisma.
Cercado de fanáticos e de amadores, o provável é que que Bolsonaro se filie a um partido inexpressivo, nanico, como era o PSL antes de sua eleição – pois assim é mais fácil controlar o partido, manter a política com seus aliados centrada em sua pessoa, o que fortalece o autoritarismo.
O problema é que autoritarismo não combina com democracia, e as instituições brasileiras se mostraram fortes frente ao governo atual. Em 2018 elegemos um amador cercado de lunáticos à presidência.
Um sujeito completamente antissistema político, anti -instituições e antiregras do jogo. Enquanto isso 2022 vem aí com Mouro disputando sua base e Lula se mostrando um candidato forte na corrida eleitoral. Bom, enquanto o ano novo não vem, aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
Marina Rute Pacheco
Instagram @marinarutepacheco
Siga no instagram @coletivo_indra