Copa do Mundo de Futebol Feminino e a igualdade entre homens e mulheres
No último mês de julho tivemos a oportunidade de acompanhar a oitava edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino, organizada pela FIFA, com 24 seleções mundiais e que teve como campeã a equipe dos Estados Unidos, que conquistou seu tetracampeonato mundial.
Poderia ser uma simples competição como outra qualquer, com jogos disputados, grandes emoções, festa das torcidas, enfim, tudo que uma grande competição mundial proporciona. Realmente teve tudo isso, mas o que mais chamou atenção durante o torneio, foram as manifestações sobre a igualdade, ou melhor, a desigualdade entre homens e mulheres.
Foram diversas manifestações, desde a atleta que ganhou o prêmio de craque do campeonato, a americana Megan Rapinoe, bem como da craque brasileira Marta, atual detentora do prêmio melhor jogadora de futebol profissional do mundo, já conquistado em seis oportunidades pela atleta.
As duas atletas, Rapinoe e Marta, nos proporcionaram a reflexão acerca da igualdade entre homens e mulheres, questionando as abissais diferenças salariais e de patrocínios, dentre outras situações, entre os atletas do futebol masculino e feminino.
Não é preciso falar muito, basta vermos a diferença de mobilização em uma Copa do Mundo de Futebol masculino, onde praticamente o país inteiro para, assistindo aos jogos dos nossos craques. Por outro lado, é capaz de muita gente nem ter se tocado que houve a mesma competição na modalidade feminina no último mês, e se sabia, não teve a mesma oportunidade de parar em seu local de trabalho ou se reunir com a família e amigos para assistir aos jogos. Não estamos entrando no mérito de ser certo ou errado o país parar para assistir jogos de futebol mas sim da importância dada ao campeonato dos homens e das mulheres.
É uma questão cultural em nosso país, você tem dificuldades de encontrar escolinhas de futebol para meninas, ou não existe o incentivo da família para que a filha se matricule nas poucas escolinhas existentes. Enquanto o incentivo aos meninos vem na infância, recebendo como seus primeiros presentes, a bola, a camisa do time de coração e a chuteira. Mais uma vez o espaço delas é restrito.
Uma das bandeiras levantadas pelas atletas foi a questão salarial. Atualmente existem diversas pesquisas sobre o tema, com dados demonstrando que elas ainda estão atrás deles quando se fala de salário. Certamente existem mulheres que ganham mais do que os homens e também carreiras quem tem maior equidade salarial, porém ainda estamos abaixo quando se trata de igualdade salarial entre homens e mulheres.
A americana Rapinoe, fez um discurso histórico na comemoração do título em Nova York, clamando por mais igualdade, mais amor, menos ódio, bem como falou sobre as dificuldades que as atletas tiveram para chegar naquele momento. O mérito foi delas. Foi ovacionada e de quebra, o governador de Nova York assinou uma lei que garante a igualdade salarial no estado novaiorquino.
É claro que no esporte, existem diferenças salariais quando se trata atletas famosos, mais habilidosos, mais talentosos ou com maior mercado, porém o que elas clamam é para uma maior equidade, pois sem dúvidas nenhuma a melhor jogadora de futebol do mundo não fatura nem perto do que o melhor jogador fatura, e são essas diferenças que elas querem reduzir.
Por fim, após derrota para a França nas oitavas de final, que eliminou a Seleção Brasileira, a nossa atleta Marta fez um desabafo emocionado, chamando a atenção das meninas pelo Brasil afora:
“O futebol feminino precisa de vocês para sobreviver, então pense nisso, valorize mais, chore no começo para sorrir no fim”.
Marcelo Haviaras
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