De volta
Voltei! Finalizado o nosso respiro de final de ano, volto a ocupar esse espaço quinzenalmente. Dado não ter encontrado com todos vocês até então, me permito dizer, ainda que com bastante atraso: feliz ano novo!
Ocupar um espaço de reflexão é sempre uma alegria, mas também exige uma certa dose de responsabilidade. É preciso transparecer os princípios que norteiam a nossa jornada, ainda que não os faça aparecerem de forma escancarada. As reflexões não se fazem no vazio e tampouco tem um objetivo aleatório. Há, de minha parte, sempre a intenção de promover os ideais que mostrem a necessidade de uma construção coletiva de mundo, que supere as desigualdades materiais e permita que a humanidade possa encontrar formas de vida mais equilibradas e que não a coloquem em risco junto com o planeta.
Ainda vivendo numa pandemia, nos últimos dias e horas estamos convivendo com a invasão de um país por uma grande potência política e militar, que pode desaguar num conflito de proporções muito maiores, com consequências desastrosas para o globo como um todo: sejam econômicas, políticas, mas, mais importante de todas, a perda de vida de inocentes e pessoas que em nada participaram para que as coisas chegassem a esse ponto. Mais de 130 pessoas já morreram após esse primeiro dia de ataque. E, infelizmente, tudo indica que é só o começo.
Essa invasão é mais uma etapa de um conflito entre potencias imperialistas que vem sendo gestado ao longo de muito tempo. A Ucrânia passou por um processo de guerra civil, com grande influência dos países que defendem sua entrada na União Europeia, além de ser disputada por meio do financiamento de empresas e movimentos da sociedade civil pelo ocidente, que visam a afastar da Rússia e amordaçar a população mais identificada eticamente com esse país. Isso é importante de ser tido para deixar claro que a condenação de uma ocupação militar violenta não é motivo para desconsiderar as demais peças desse jogo, e o comportamento dos demais países que não são inocentes nessa história.
Em resumo, os acontecimentos dos últimos dois anos e últimos dias nos joga na cara que somos sujeitos da história e a construímos diariamente. Queiramos ou não, o que fazemos hoje, enquanto coletividade, é o que constará dos livros de história do futuro. Não estamos a salvo de pandemias, guerras ou da extinção da espécie, como a prosperidade econômica ocidental que seguiu ao final da segunda grande guerra (e 2ª porque sucede a 1ª ou antecede a 3ª?) e a hegemonia do liberalismo econômico após o final da União Soviética parecia mostrar. Vivemos tempos conturbados, onde a política não responde aos anseios populares e que por isso votam em governantes sem preparo para tanto e cuja autoridade carismática advém justamente da negação de um consenso em torno das ideias de democracia e da representação política como até então praticada. Talvez ecloda uma guerra, talvez a questão Rússia-Ucrânia-Otan termine nas próximas semanas. É difícil dizer. A nós, cabe continuar trabalhando, peça por peça, para a construção de uma sociedade mais saudável e pacífica, onde todos possam ter o que comer, vestir e sorrir verdadeiramente.
Seguimos juntos mais esse ano!
Arthur Spada
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