Eu pertenço...
Em novembro do ano passado eu resolvi reformular o Blog, pensando em transformar este espaço num local de fala de várias vozes e assuntos, pois eu sozinha não daria conta, não teria conhecimento e não queria solitariamente falar de tantas coisas que eu gostaria de se fazer pensar.
Assim me vi formando um coletivo. E pensei: “mais uma vez dentro de um coletivo?”.
A minha trajetória é de coletivos. Meu primeiro coletivo foi minha casa com meus pais e avós, com irmão e primos, muito aprendizado. Fui para o coletivo da evangelização kardecista aos 7 anos e fiquei até os 13. Aos 13 entrei para um companhia de dança profissional e fiquei até os 25. Aos 25 entrei para uma companhia de teatro a qual faço parte até hoje. Aos 39 entrei para uma sangra budista.
E como um fluxo contínuo destas experiências me vejo levantando mais um projeto em coletivo, um blog que nesta semana completou um time de 10 colunistas, além dos colunistas convidados.
Me observo e concluo que preciso pertencer para trilhar o meu caminho, não acredito na construção nada sem o outro, o grupo, o coletivo.
Todas estas experiências sempre me trouxeram desafios, a convivência é provocante. Mas talvez o ponto cego mais comum em se viver em coletivo é a facilidade e comodidade que temos de nos esconder atrás dele. Repetir padrões, se anular, não exercitar lugar de fala, não criar a sua identidade por sobreposição de muitas outras. Há lugares cômodos nos coletivos e ao se ter noção disso sua relação e postura modificam.
Mas a reflexão de coletivo pode ir além dos nossos pequenos mundos: famílias e trabalhos. Um país é formado de coletivos e este entendimento não é coletivizado.
Os animais se organizam melhores em coletivos que nós humanos, por instinto e natureza, em seus grupos as regras e sobrevivências enquanto espécie já estão dadas pela natureza. Por isso exercitam com maestria o conceito do “elo da interdependência”. Fazemos parte da teia de Indra, de uma cadeia de ações e reações, desde as mais simples até as mais complexas.
Um carro estacionado em frente a sua garagem afeta, um lixo acumulado num lugar errado afeta nas enxurradas, um motorista no transito fazendo bandalha afeta milhões de outros, um presidente eleito afeta um país, a servente de serviços de limpeza não ir trabalhar afeta a sua empresa.
Um indivíduo que não se percebe num coletivo, não tem a proporção do impacto de suas ações no resultado do todo, quando ele faz apenas movimentos em benefícios próprios ele fere as leis deste conjunto de pessoas. Cada atitude, cada ação impacta em pequenas e largas escalas no mundo. Se como homen sapiens não aprendermos a viver como "coletivo planeta”, não restará um de nós para contar história.
“Um coletivo forte é formado por indivíduos fortes, e indivíduos fortes são formados por coletivos fortes”, Amir Haddad.