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El ciclo de la violencia en las  elaciones de pareja

El ciclo de la violencia en las elaciones de pareja

Tem sido cada vez mais difícil conviver com o que está acontecendo no país. A cada dia novas declarações de pessoas despreparadas até para gerir um condomínio, mas que estão a frente de pastas e projetos importantes, vão nos deixando cada vez mais perplexos. 

Interessados em destruir, não em construir o que quer que seja, repetem velhos chavões contra o comunismo, a corrupção, ou qualquer que seja o inimigo imaginário que os alimenta. Mas, ainda pior do que frases lamentáveis, expressam pensamentos mais lamentáveis ainda, que estimulam e endossam violências. 

A violência é a linguagem que une a maior parte dos “novos” representantes do poder, seja no nível federal, estadual ou municipal. Lembrando que escrevo do Rio de Janeiro, cidade que parece um projeto piloto do que há de pior em administração pública no país.

Nas ruas do país, cidadãos ditos “de bem” não hesitam em humilhar, agredir, espancar pessoas que, por algum motivo, pareçam estar interrompendo seu caminho. Do alto de suas arrogâncias, reinventam o velho “você sabe com quem está falando?”, e já partem para a violência. Policiais assassinam por ar e por terra pessoas pobres e, geralmente, negras, pelo simples fato de serem pobres, negras e morarem em comunidades. Ou por estarem se divertindo em um baile funk.

Perplexos, tentamos entender como nos transformamos nisso.

É quando lembro que estamos falando de Brasil. Um país que, desde que foi invadido pelos europeus, elegeu a violência como sua principal linguagem. Começou com o extermínio indígena, se expandiu com a escravização negra e se modernizou com a criminalização da pobreza. 

A violência é a linguagem brasileira por excelência. É a síntese do país. Não é o samba nem a bossa nova. Não é nem mesmo o futebol. É a violência das eternas capitanias hereditárias querendo se manter a qualquer custo. Seria mais honesto estampar na bandeira: “ordem, progresso e violência”. Violência para manter o que os “donos do Brasil” decidirem  que seja a ordem e o progresso para o país.

Por um lado, podemos pensar que esses homens e mulheres machistas, racistas e homofóbicos, orgulhosos de serem assim, passarão. A história se encarregará deles. Mais cedo ou mais tarde receberão a punição ou o anonimato que merecem. Por outro lado, o que é realmente triste, é que uma grande parcela de brasileiros aplaude as grosserias, se sente representado por um partido que escolhe armas e balas como símbolo e repete o “silêncio sorridente” diante de cada nova chacina.  

Esses brasileiros fizeram uma escolha. 

Escolheram manter o pátrio poder e devolver a mulher à cozinha. E, se a mulher for negra, mantê-la trabalhando (e ganhando pouco) na cozinha deles.

Escolheram manter a “democracia racial”, onde pessoas negras servem e pessoas brancas se divertem. E não essa “balbúrdia” de gente preta em universidades e aeroportos. 

Escolheram a “segurança” da heteronormatividade e seguir assinando embaixo da estatística que se repete todo ano: somos o país que mais mata pessoas LGBTIANPQ+ no mundo. Travestis e transexuais no Brasil tem uma expectativa de vida de 35 anos, menos da metade da população em geral. 

Escolheram, também, “modernizar” o país, acabando ou sufocando direitos arduamente conquistados, como os direitos trabalhistas, a aposentadoria, a educação e saúde públicas e uma série de outros retrocessos históricos, mas mantendo os empresários ricos cada vez mais ricos e os bancos batendo seus próprios recordes anuais de lucros.

No mundo desses brasileiros está tudo bem, afinal a economia que os mantém parece que vai bem. Mas o que dirão e farão, caso a incompetência desses gestores violentos também resulte em falência econômica? Contra quem se voltarão com violência?

Renato Farias

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