O Arco-Íris da Luz Infinita.

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Experimentamos a realidade na condição humana. Como entendemos a vida? Como a experienciamos? Depende da narrativa que você atribui.

O Buda Shakyamuni não observa a existência do ser humano nos conceitos fertilidade, criação ou predestinação, mas como a Vida se manifestando em uma complexa interconexão. Só isso, já é libertador! A questão do desejo/ sofrimento é o pivô central por nos fazer mal. E o sofrer vem de uma mente discriminativa, uma mente dualista. O Buda não se importou com relações amorosas ou sexuais desde que não causem sofrimento, raiva ou apego. O único requisito para a prática do Despertar é ser “aquele que sente”, os seres sencientes. Logo, por ser a mente discriminatória a origem dos conflitos, amarguras, tristezas, o Despertar está além da problemática de gênero! Está correto ser do jeito que se é! Apenas seja! 

QUANTAS CORES CABEM EM UMA NÃO-COR?

ASSIM É A LUZ DA SABEDORIA E DA COMPAIXÃO. ELA É INFINITA, IMENSURÁVEL E ILIMITADA, DESIMPEDIDA, INCOMPARÁVEL, MAJESTOSA, PURA, ALEGRE, SABEDORIA, INCESSANTE, INCONCEBÍVEL, INOMINÁVEL E QUE SOBREPUJA O SOL E A LUA!

Estas são as características das Dozes Luzes salvíficas do Buda Amida, ou Amitabha para os praticantes tibetanos. A Luz é a condição essencial para o despertar dos emaranhados de sonhos e ilusões, é desatar o nó da ignorância, é a lucidez sobre a origem do sofrimento, é o esclarecer sobre a realidade. A Luz, imperceptível à visão humana, é personificada como um Buda e uma narrativa, o mistério que nos leva a sair da estreita visão humana sobre nossa condição limitada. Apesar de ser considerado não real ao nosso tempo e espaço (e o budismo e hinduísmo já pensava em multiversos atemporais), o Buda Amida, narrado pelo Buda Shakyamuni, reside em nossos corações e mentes aqui e agora como o principio inspirador às aflições, angústias, dororidades, causadas pela mente insatisfeita e os venenos mentais: a ignorância, a raiva e a ira. E é nesse espirito incondicional e indiscriminado, conforme os Sutras, que o Buda Amida acolhe a todos em nos fazer irradiar sua Luz. Esta é a forma budista da atribuir um sentido à vida.

A QUESTÃO HOMOAFETIVA E TRANSGÊNERO NO BUDISMO EXISTE HÁ TEMPOS.

Em contos Jatakas (parábolas de vidas passadas do Buda) há diversos relatos homoeróticas. Após seu despertar, eruditos entendem que o Buda Shakyamuni tornou-se assexuado (antes foi casado e teve um filho). Os nanshokus no Japão feudal mantinham relações homoafetivas entre samurais, monges e garotos até a vinda do cristianismo. Um dos grandes monges, Kukai (774-835), fundador do budismo Shingon, é atribuído um livro advindo da China sobre o desejo homoafetivo, os nanshokus. A questão dos transgêneros são frequentes nas metáforas budistas, uma entidade ora se manifesta como feminino, ora como masculino. O(A) Bodisatva Kannon (Kwan Yin ou Avalokisthevara) é um exemplo clássico. A figura feminina tem aspecto compassivo, a masculina a força. E o casamento não é um evento originalmente budista, mas foi adaptado ao modo como expressão de amor e união sob as bençãos do Iluminado. O primeiro casamento budista nos EUA ocorre em São Francisco em 1970 pela escola Jodo Shinshu Terra Pura. Portanto, não existe objeção para pessoas plurais não se unirem em seus amores! 

Semana passada foi emocionante e gratificante. Decidido pelo STF, a homofobia tornou-se crime até que se proponha e divulgue uma lei nesse sentido! Como em um filme de x-men, o lado conservador trava uma batalha árdua. Considerar a homofobia como crime para muitos é legitimar o lgbt+ a pluralidade social, é contrariar a narrativa criacionista binária, contrariar designos sagrados. Porém, narrativas religiosas são relativas e nesse aspecto estremecemos outro assunto, a parcialidade religiosa. E nosso país é laico, imparcial, onde todas religiões tem espaço, mas sem legislar a um só modo. A decisão foi um marco de visibilidade e uma emblemática mensagem à sociedade dizendo, ei, basta, sou apenas um ser humano, não posso ser violentado e morto por sua opinião distinta. É uma questão de sobrevivência. E claro, sábado passado participamos da Primeira Roda Conversa promovida pelo Blog. G, onde expresso novamente meu carinho e gratidão pelo convite! Tivemos uma conversa muito forte, gostosa e fecunda, e tanto na mesa quanto no público, militamos em diversas dores. Dizemos-se que o Buda Shakyamuni proferiu 84 mil discursos, pelos 84 mil sofrimentos.

Ah, e não esqueça! 

Dia 19 a 22 - Primeiro Congresso de Igrejas promovido pela Anglicana e Koinonia

Dia 20 a Rainbow Sangha na Praça da República na Feira Cultural no stand religiosos e songs. 

E dia 23 a apoteose na Parada da Diversidade na avenida Paulista, estaremos no bloco Gente de Fé com os principais lideres paramentados.

Além de diversos eventos pela cidade de São Paulo. Precisamos dialogar e decidir seriamente nossos espaços na sociedade! A semana está apenas começando com todas as cores lindas da paz e da pluralidade! 

"O meu manto é preto, mas seu interior é colorido, assim como as flores da Terra Pura, no Sutra de Amida consta "Nas lagoas existem Lotus tão grandes como rodas de carruagens, os de cor azul irradiam uma luz azul, os amarelos uma luz amarela, os vermelhos uma luz vermelha, os brancos uma luz branca. Eles são maravilhosos, belos, perfumados e puros. Shariputra, a Terra da Suprema Bem-Aventurança está cheia com tais coisas excelentes e esplendorosas."", todos são acolhidos, todos são liberados! "

Abraços a todos

Gassho 

Rev. Jean Tetsuji釋哲慈

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