O Teatro Íntimo

Veridiana e Eu - 2007 - Companhia de Teatro Íntimo - Foto Marian Starosta

Veridiana e Eu - 2007 - Companhia de Teatro Íntimo - Foto Marian Starosta

Até me tornar diretor de uma Companhia que, este ano, completa 14 anos, eu levava uma vida de ator avulso. Chamo de ator avulso aquele que não pertence a nenhum grupo e que leva sua carreira individualmente.

A cada novo trabalho, tudo começa do zero para o ator avulso. Quem são essas pessoas com quem vou trabalhar? Como levam suas vidas pessoais e profissionais? Quais seus interesses artísticos? Será que vamos encontrar caminhos interessantes para trabalharmos juntos?

Quando se pertence a uma Companhia, essas questões já foram respondidas ao longo do tempo. O que não quer dizer que todas tiveram reposta positiva.

Como em qualquer “família”, uma Companhia tem relações mais profundas e pessoas com que temos menos identificação. Passamos por momentos na vida em que  nos afastamos de uns e nos aproximamos de outros. Especialmente em nossa Companhia de Teatro Íntimo em que somos muitos. Inclusive repetindo uma fala do espetáculo que nos uniu: “Veridiana e eu”, muitas vezes perguntamos: - Quantos somos?

Em 2005, cansado de ser um ator avulso e ter que fazer parte de trabalhos que, muitas vezes, não me falavam ao coração, reuni pessoas com as quais tinha uma grande amizade. Assim, mais importante do que afinidades artísticas, naquele momento, entendi que iria passar muito tempo ao lado daquelas pessoas. Então, que partíssemos de uma relação verdadeira de afeto. E assim foi...

Nesses 14 anos, pude observá-los amadurecendo. E como é belo observar quem se ama ao longo do tempo!

No princípio minha preocupação era de formação. Trazer para o coletivo uma formação artística abrangente em busca de uma linguagem comum.

Hoje, todos trazem na sua interpretação e na sua relação com a vida uma compreensão que me orgulha muito. A da horizontalidade.

Em qualquer lugar onde a Companhia chega, a gentileza e a cordialidade com todas as pessoas é a base da relação que propomos. Desde o segurança, os responsáveis pela limpeza, os técnicos do teatro, os gestores, os presidentes de instituições. Somos todos irmanados pela força e fragilidade que é estar a serviço do teatro. Olhar nos olhos, saber o nome, interessar-se pelo seu trabalho. Coisas simples, mas que muitas vezes passam desapercebidas.

Olhar para o outro e percebê-lo de verdade é a base do que chamamos de teatro íntimo. Isso começa na chegada no teatro e estende-se até a relação dos atores em cena e deles com os espectadores.

Nenhum de nós é mais um ator avulso. Mesmo quando vamos trabalhar com outros coletivos, em outras produções de teatro, cinema ou televisão, a compreensão do teatro íntimo vai junto conosco!

Quantos somos ? @teatrointimo

Adriano Torres | Ana Paula Lima | Augusto Garcia | Bella Carrijo | Caetano O’Maihlan| Carol Beiriz | Dody | Fernanda Boechat | Gaby Haviaras | Leticia Cannavale | Marcio Mariante | Melissa Paro | Paulo César Medeiros | Rafael Maia | Rafael Sieg | Raphael Vianna | Renato Farias | Sérgio Meyer | Tarcísio Lara | Ton Torres (in memoriam) | Thiago Mendonça

Renato Farias

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Deixo aqui o link de um programa sobre Companhias de Teatro
https://www.canalsaude.fiocruz.br/canal/videoAberto/teatro