Sobrevivendo no inferno : A necropolitica brasileira e a policia.

Sobrevivendo no Inferno de Racionais Mc’s, lançado na década de 1990, foi considerado o nono melhor álbum brasileiro pelo Discoteca Básica no corrente mês. Antes mesmo desse prêmio, o álbum já foi leitura obrigatória de cursos da Universidade de Campinas por tratar nas letras de questões políticas e sobre racismo, e também por isso o álbum foi transformado em livro.

 Na faixa Capítulo 4 Versículo 3 logo no seu início fica evidente como funciona o racismo no Brasil:

“60% dos jovens de periferia sem antecedentes criminais já sofreram violência policial A cada quatro pessoas mortas pela polícia, três são negras (...)”, essas são informações científicas que Racionais Mcs utilizam para denunciar o racismo no Brasil.

 No mês que Sobrevivendo no Inferno se torna um dos melhores álbuns brasileiros por narrar a realidade da violência racial no país, um homem negro chamado Genivaldo de Jesus, diagnosticado com esquizofrenia, foi morto pela polícia rodoviária em Sergipe no dia 25. Algemado, o jovem foi colocado na viatura e, em seguida, foi asfixiado com gás de efeito moral.

Seu sobrinho presenciou a violência policial e tentou dialogar com os policiais, que acharam os medicamentos do seu tio.

No dia anterior, 24, no Rio de janeiro, no complexo da Penha houve mais uma chacina promovida pelo Estado, pela polícia na cidade, estima-se que foram mortas 23 pessoas. Há um ano atrás outra chacina foi noticiada, só que daquela vez o endereço foi mudado, ocorreu no Jacarezinho, e houve 28 mortes.

 “O que melhorou? da função quem sobrou? sei lá, muito velório rolou de lá pra cá, qual a próxima mãe que vai chorar?(...)” em Fórmula Mágica a morte causada pelo racismo é cantado e o que fica nítido é que a violência policial continua matando pessoas negras e o Brasil de hoje continua como o Brasil de 1997.

Maiara Amara

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