Uma escolha nada difícil
A Fiocruz acaba de entregar um milhão de doses da primeira vacina contra Covid-19 produzida no país.
Ainda no mês de março, serão entregues 3,8 milhões de doses ao PNI – Programa Nacional de Imunizações.
Ao longo deste mês, a produção vai aumentar. E, logo, a Fiocruz poderá produzir 1 milhão de doses por dia, garantindo maior autonomia na vacinação brasileira.
Poderíamos ter tido essa notícia muito antes, não fosse a forma criminosa com que vários governantes vêm conduzindo a pandemia. Em especial devido à conduta do chefe do poder executivo e do principal responsável pela pasta da saúde. Mas também por conta de muitos médicos e cidadãos que empunham a ignorância sob a forma de negacionismo científico.
E, sempre é bom lembrar, tudo poderia ser muito pior se não tivéssemos o Sistema Único de Saúde: o maior sistema universal de saúde do mundo!
E, fazendo parte desse sistema, instituições públicas como a Fiocruz!
Fico imaginando o país que seríamos hoje se tivéssemos feito outras escolhas. Se não estivéssemos colhendo os frutos de manobras políticas que privilegiaram o lucro de poucos, em detrimento da saúde e da vida de muitos. E que são apresentadas para a população, distorcidamente, como solução para as sucessivas crises que enfrentamos.
Teríamos um SUS fortalecido que, com sua universalidade, capilaridade e competência, não só teria iniciado antes a vacinação, como ainda estaria se preparando para produzir vacinas também para países que não dispõem de um sistema universal como o nosso.
Em vez de sermos um país mal visto pelo mundo como somos hoje, seríamos protagonistas na superação dessa pandemia.
Pelo tamanho da tragédia que estamos vivendo, falar desse outro Brasil possível pode parecer um sonho... Mas, na verdade esse pesadelo que estamos vivendo é que foi uma escolha. Foi uma escolha desfinanciar o SUS, foi uma escolha congelar gastos sociais, foi uma escolha não investir na indústria nacional, foi uma escolha precarizar as relações trabalhistas, foi uma escolha entregar a responsabilidade de nossa saúde e educação nas mãos de empresas. Assim como foi uma escolha eleger este presidente...
Eu não escolhi esse pesadelo em forma de Brasil. O país pelo qual luto diariamente tem a saúde pública como principal bandeira. E tem na Fiocruz a grande demonstração de que são as instituições públicas que trabalham pelo bem estar da população.
E você, que país escolheu e vai escolher daqui para frente?
Ah, e aproveito para dividir com vocês uma grande alegria: minha mãe foi vacinada! E levou um cartaz, feito por ela, onde se lia: vacinem os professores! Afinal, uma educação pública de qualidade, onde professores são respeitados e bem cuidados, é uma outra importante qualidade do país que podemos escolher.
Renato Farias
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