Alguém sofre ao seu lado! Já parou para observar?

Imagem Slevin Aaron

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A palavra que você mais vai escutar no processo de crescimento é NÃO!

Ás vezes, com alguma explicação do tipo “vai levar um choque!”. Agora pensa, eu sou uma criança, não sou um engenheiro eletricista e só entendo o “não” o resto é “bla, bla, bla”.

Dependendo do ambiente à sua volta, os excessos de nãos podem gerar um sentimento de rejeição e incapacidade, principalmente se você tiver um irmão bem mais velho e de índole mais conformada, que parece melhor aceito. "Não é não" e, para ele, tudo bem! Mas para você, parece que não é bem assim. Com tudo isso você começa a notar, que não há uma equidade no tratamento, não estão levando em conta o espírito de cada irmão. 

Quando você nasce já vem com uma carga de sentimentos que alguns chamam de Karma ou reencarnação. Ou outra qualquer explicação para dois irmãos que, vindos da mesma barriga, e serem criados sob o mesmo teto, serem tão diferentes. O bonzinho, o educado, e o que já nasceu arretado, fazendo estrepolias e dando sustos nas pessoas. Tenho certeza que se você tiver irmãos na sua casa deve ser assim também. 

É nesse momento que a criança vai assentando os tijolos da torre em que porá seus verdadeiros sentimentos, cercada de um fosso largo e profundo. Poucas vezes esses sentimentos serão externados, seja na alegria ou na tristeza.

Anos se passam e você tem um crescimento aparentemente normal, exceto por não querer seguir as regras que te impõem sem uma explicação lógica. E se no processo de crescimento não houver nenhuma condução para autoconhecimento, e tratamento das suas memórias e traumas quando criança, a vida adulta pode te apresentar surpresas como a depressão. 

Ela é uma entidade escura e obscura na sua mente, que vai se infiltrando silenciosamente, sem que você nem as pessoas ao lado percebam. A cada não recebido, que refletem nos seus padrões de rejeição e incapacidade na infância, vai formando outra doença chamada de ansiedade, e você se cobra de sempre acertar para não receber um “não”, uma autocrítica severa. 

Então você encontra seu melhor amigo, que é um canto da casa onde ninguém te incomode e, acredite todos vão ficar felizes em saber que você está em casa, mesmo em um canto. E parece que está tudo bem. Até porque qualquer sintoma compartilhado pode-se ouvir: "é uma tristeza passageira", "é frescura". 

Não há frescura. Se alguém não olhar para este comportamento da pessoa ao lado, este quadro só tende a crescer e levar a escolhas mais difíceis. Excessos de remédios tarja preta para controle de sono, despertar, ansiedade, compromissos, nãos! Que só geram mais necessidades de outros remédios e potencialização destes. O que vira uma grande bomba relógio porque servem apenas de bengala. Sem falar da vontade de não mais viver, das tentativas de suicídio e de mais remédio. E a psicosomatização de mais doenças! 

Eu convivo com ela há bastante tempo e minha família também. Para mim ainda é difícil de dormir, de levantar, de sair de casa, até tomar banho, e cada dia que isso acontece você sente uma culpa imensa por não sair, ir à praia, um cinema, almoçar fora, que retroalimenta a depressão. 

Escrevo sobre isso para alertar que alguém ao seu lado pode estar desenvolvendo depressão e você não vê! Estejam atentos, o relato de uma tristeza pode não ser uma frescura ou esquisitice. 

Araken França

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